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É preciso perseguir com coragem e seriedade um projeto de desenvolvimento sustentável, recusando o modelo excludente e cruel que não nos interessa como nação que almeja a prosperidade, a justiça e a plena democracia.

O Brasil, que em cerca de seis anos, completará o seu Bicentenário da Independência, encontra-se em crucial encruzilhada. Mais uma vez mergulhado em profunda e grave recessão, que ao final de 2016 já produziu 12 milhões de desempregados, o País precisa urgentemente decidir o rumo que trilhará.

A se insistir no caminho escolhido nos últimos dois anos, resigna-se aos caprichos da especulação financeira e abandona – ou adia mais uma vez – o projeto de se tornar uma nação próspera, democrática e soberana. Nessa di­reção, retiram-se direitos trabalhistas e previdenciários, entrega-se o patrimônio nacional e se estabelece o salve-se quem puder.

É possível, contudo, sublevar-se contra essa condenação à precariedade e perseguir com coragem e seriedade um projeto de desenvolvimento sustentável. Sem dúvida, o cenário atual, no qual novamente um pensamento único que afirma ser preciso cortar gastos e investimentos e remunerar títulos da dívida a juros exorbitantes ganha corações e mentes, mostra-se desfavorável a essa vereda da consolidação da independência nacional. No entanto, e apesar das dificuldades reais, temos a convicção de que é possível, necessário e urgente fazer tal opção. Não podemos aceitar de bom grado um modelo excludente, cruel e que só interessa a uma parcela absolutamente ínfima, não representativa da sociedade. A imensa maioria da população brasileira anseia por uma transformação social que garanta condições de vida digna a todos.

Essa parcela majoritária inclui os profissionais liberais de formação universitária e o conjunto dos trabalhadores, assim como as empresas interessadas em produzir, os estudantes, os aposentados, os cientistas, os artistas. Esse contingente gigantesco que sonha com um país sem miséria, com saúde e educação de qualidade, cultura, ciência e tecnologia, esporte e lazer, trabalho decente e oportunidades para todos não pode se ver tolhido por uma lógica sem sentido que insiste nos modelos surrados da chamada austeridade fiscal que já se mostraram equivocados. Precisamos virar esse jogo.

Nessa batalha, devemos resistir ao retrocesso e nos unir rumo ao País que queremos. Cumprir essa tarefa exige profundo exercício democrático, o que implica o fortalecimento das instituições e absoluto respeito à Constituição, mas também a disposição para o debate franco e aberto. Há que se empreender o esforço hercúleo de superar divergências menores para que possam ser construídas as convergências estratégicas e essenciais.

Somos 200 milhões, distribuídos num território continental de incontáveis riquezas e valiosa diversidade. Vamos, como nação, construir juntos o futuro que almejamos e, de fato, nos prepararmos para o nosso bicentenário. Nosso povo tem tudo para ser feliz e contribuir para que o mundo seja melhor.


Murilo Pinheiro é presidente da FNE e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU)