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Cresce Brasil

Estamos há muitos anos nas últimas posições nas principais classificações internacionais sobre Educação. Em recente avaliação o Brasil foi considerado o terceiro país mais ignorante do mundo. O Brasil tem o segundo pior nível mundial de aprendizado de suas crianças. Pesquisa demonstra que no Brasil mais de cinquenta por cento dos Universitários Brasileiros são analfabetos funcionais. Em média, de cada quatro Brasileiros um é classificado como analfabeto (absoluto ou total). Somos o oitavo país com o maior número de analfabetos do mundo.
 
Embora, seguidamente, alertas sejam apresentados sobre estas calamidades, sobre estas misérias nacionais, pouco, muito pouco, é realizado efetivamente para acabarmos com as mesmas. Acrescente-se que semelhantes desastres nacionais além de roubar o futuro melhor dos Jovens Brasileiros contribuem, também, de maneira vergonhosa, para nossa humilhação internacional.
 
Segundo parecer do último PISA (Programa de Avaliação Internacional de Estudantes) da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em Leitura, os Jovens Brasileiros não são capazes de deduzir informações do texto na sua própria língua, não conseguem estabelecer relações entre as partes do texto e não conseguem compreender nuances da linguagem.
 
De acordo com o mesmo PISA, em Ciências, os Estudantes Brasileiros são capazes de aplicar o pouco que sabem apenas a limitadas situações de seu cotidiano e não conseguem apresentar explicações científicas mesmo que as mesmas estejam explícitas nas evidências. Em Ciências o Brasil atinge, com muita dificuldade, apenas o nível 1 quando o nível 6 é estabelecido como o de alta performance pelo PISA.
 
O PISA de 2015 mostrou, ainda, que em Matemática a situação dos Jovens Brasileiros é muito mais séria, pois 2 em cada 3 Estudantes Brasileiros estão abaixo da linha básica de proficiência em Matemática. Ou seja, dois terços dos Estudantes Brasileiros são capazes apenas de extrair informações relevantes de uma única fonte, não conseguem resolver problemas nos quais as quatro operações algébricas se apresentam ao mesmo tempo, não são capazes de interpretar problemas que exigem apenas deduções diretas da informação dada e não entendem percentuais, frações ou gráficos.
 
O PISA é considerado um dos principais programas internacionais de Avaliação Comparada e é aplicado a cada três anos a Estudantes na faixa dos 15 anos que (em tese) tenham concluído a escolaridade básica obrigatória. Seu principal objetivo é medir o conhecimento e a habilidade dos Estudantes em Matemática, Ciências e Leitura para produzir indicadores que permitam a discussão sobre a qualidade da Educação de forma a possibilitar a instauração de políticas de melhoria constante do Ensino necessário para a formação adequada dos JOVENS Cidadãos que atuarão profissionalmente no mundo em futuro próximo.
 
Todavia, desde a sua primeira edição, em 2000, o nosso Brasil, se mantém nas últimas colocações. Com o passar dos anos o número de países avaliados vem aumentando, mas o Brasil permanece nas últimas posições. O Brasil cresce e se mantém como a nona economia mundial, mas o mesmo Brasil sempre figura nas últimas posições no PISA.
 
Os pífios resultados apresentados pelo Brasil seguidamente em cada edição do PISA chama responsabilidades de todos, exigindo imediatas providências. Necessitamos com urgência somarmos forças para reverter a correspondente realidade que nos torna vulneráveis, nos acorrenta no subdesenvolvimento e rouba o futuro melhor de nossos Jovens.
 
Muitos são os responsáveis por semelhante tragédia, mas não há, em absoluto, como deixar de observar, uma vez mais, também, que a Universidade não pode se eximir de sua responsabilidade. A despeito das múltiplas contingências envolvidas, a Universidade tem sim participação na manutenção deste péssimo quadro da Educação dos Jovens até 15 anos em nossa Nação, pois é na Universidade que são formados os Professores (nas Licenciaturas) para atuarem exatamente nos níveis de Ensino de mais baixa qualidade da Educação no Brasil.
 
Por diversas vezes, insistentemente até, a Universidade foi chamada para discutir e trabalhar propostas que venham contribuir para resolvermos a situação deplorável e miserável em que se encontra nossa Nação no campo da Educação em referência. A Universidade não tem como se eximir de correspondente responsabilidade.  
 
Se nossos Jovens não apresentarem proficiência em Matemática, Ciências e Leitura, não conseguirão, também, se desenvolver nas Engenharias ou em outros vários Bacharelados que a própria Universidade oferta. Ou, o que será pior e mais grave ainda, corremos o risco de formarmos Engenheiros e tantos outros Bacharéis que dependem da Matemática, das Ciências e da Leitura sem condições efetivas de trabalho pleno para garantir o nosso melhor desenvolvimento enquanto Nação Soberana.  
 

Carlos Magno Corrêa Dias é professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),  Conselheiro do Conselho de Planejamento e Administração da UTFPR, Líder (Coordenador) do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) da UTFPR/CNPq, Líder (Coordenador) do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) da UTFPR/CNPq, Conselheiro do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Coordenador do Núcleo de Instituições de Ensino Superior do CPCE da FIEP e Conselheiro Consultivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU.

Comentários   
#1 Dênia Falcão 02-08-2017 09:23
:-| Parabéns, pelo artigo Professor Carlos. O cenário dos resultados avaliativos da Educação Brasileira comparada as demais nações é preocupante, senão alarmante.
Na atualidade me dedico a projetos de formação de professores por acreditar que o convite a reflexão e "mão na massa" em prol de práticas educacionais inovadoras pode sim cooperar para buscarmos melhores soluções e combatermos essa triste realidade.
Na atualidade percebo que temos muito por fazer, como: a promoção de reformas estruturais desde as políticas educacionais, o PDE, as diretrizes curriculares do MEC, os projetos pedagógicos, a infra-estrutrura nas escolas, forte investimento na formação de professores, e promoção de programas comunitários que elogiem a ética, a cultura brasileira e a cidadania.
Não há fórmula mágica, existe sim é muito trabalho sério e comprometido com o projeto Brasil.
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