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Cresce Brasil

O mundo das grandes montadoras de veículos (e da indústria automobilística em geral) acostumou-se, durante todo o século passado, a regular o mundo industrializado.

Os grandes fabricantes com seu gigantismo, além de criarem um padrão de sociabilidade, interferiram na organização dos trabalhadores (dentro e fora das fábricas com o fordismo) e foram contestados por poderosos sindicatos de trabalhadores, cujas bases reforçaram.

Greve na montadora Ford, em São Bernardo do Campo (SP), em 1990A história sindical do século passado não pode ser contada se não se levar em conta esta presença e a reação sindical a ela, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial. O Brasil faz parte dessa história.

A malha industrial automobilística espalhou-se pelo mundo e as marcas se diversificaram. Hoje em dia, assiste-se a um enorme rearranjo estratégico, com financeirização crescente, com fusões e incorporações, com fechamento de fábricas e com criação de novas instalações. A resistência sindical dos trabalhadores tornou-se mais difícil até mesmo pela chantagem substitutiva provocada pelo rearranjo e pelas mudanças tecnológicas que “economizaram” empregos.

O fechamento da fábrica da Ford, em São Bernardo (que o governador Dória não conseguiu impedir), pode ser a marca simbólica do fim de uma era, mas inúmeros outros acontecimentos confirmam que a luta continua porque “o futuro tem um coração antigo” (Carlo Levi).

Nos EUA, dez anos atrás, a GM anunciou que ia fechar suas fábricas. A empresa foi salva pela “estatização” garantida pelo governo. Aqui no Brasil, recentemente, a GM também anunciou seu fechamento, que não se concretizou devido à própria reviravolta estratégica empresarial e pela resistência dos sindicatos brasileiros que contou com a solidariedade dos colegas norte-americanos e canadenses.

Ao longo de décadas a grande estratégia sindical norte americana para enfrentar as gigantescas empresas automobilísticas consistiu em se contrapor a cada uma delas por vez, em campanhas localizadas e orientadas. Esta estratégia garantiu agora resultados positivos para os trabalhadores da GM, sob o comando do UAW, sindicato nacional dos metalúrgicos das empresas automobilísticas. Na mais longa greve de sua história os trabalhadores e o UAW venceram as manobras divisionistas da empresa e conquistaram uma pauta de reivindicações muito expressiva, conservando os empregos.

Na secular história dessas lutas deve-se destacar o papel da solidariedade internacional entre os trabalhadores. Ela foi efetiva quando se lutava lá e quando se lutava aqui contra as mesmas empresas internacionalizadas.

João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE

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