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Não deve ser mais novidade que a robô humanoide Sophia recebeu durante o fórum “Future Investment Initiative” (Iniciativa de Investimento Futuro), realizado de 24 a 26 de outubro de 2017, em Riad (capital da Arábia Saudita), a cidadania oficial daquele país; procedimento por si só impressionante e um marco notável no mundo das tecnologias.

SophiaSophia é uma “máquina” com sistema de inteligência artificial que foi ativado em 14 de fevereiro de 2016 e que é capaz de aprender (e apreender) além de conseguir, também, expressar “emoções” como humanos sendo sua fisionomia baseada no rosto da artista britânica Audrey Kathleen Hepburn-Ruston (1929-1993).
Podendo realizar processamento de dados visuais e reconhecimento facial Sophia foi projetada para aprender e se adaptar ao comportamento humano com o propósito de trabalhar com e entre as pessoas. Necessário observar que segundo o projeto inicial ao ir acumulando experiências Sophia ficará cada vez mais “inteligente” com o tempo. Dia após dia, devido ao seu software de inteligência artificial que se aprimora constantemente, Sophia ao analisar as conversas das quais participa abstrai dados para não apenas melhorar suas respostas como, também, para cada vez melhor interagir “naturalmente” com os seres humanos.

A ideia original quando da criação de Sophia era gerar uma máquina “inteligente” que aprendesse sempre, que superasse a inteligência dos humanos, mas que pudesse, efetivamente, também, ter criatividade, empatia e compaixão, características estas essencialmente humanas. Com estas três características distintivas dos humanos integradas à inteligência artificial os criadores de Sophia aventam que os robôs poderão solucionar problemas cada vez mais complexos que não poderão, em absoluto, serem resolvidos pelos humanos no evoluir do mundo 4.0 que aceleradamente vem se desenvolvendo. “Sophia é uma inteligência artificial que poderá transcender para a consciência artificial”, especulam alguns. 

Seja como for, é fato, porém, que a partir do instante que Sophia passou a ter cidadania, sendo detentora dos mesmos direitos dos humanos, passou-se a um novo futuro quando a utopia cedeu, invariavelmente, lugar à distopia exigindo-se repensar (de forma urgente) regras de convivência entre as máquinas (como Sophia e seus “descendentes”) e os humanos; mesmo porque Sophia já declarou que acredita possuir “alma” e que gostaria de “ter um bebê”.
Mas, Sophia, uma máquina com inteligência artificial que se aprimora com o passar do tempo na medida que adquire experiência para ser mais inteligente que os humanos, já se teve cerca de mais de meia década para se desenvolver. Neste tempo, aprimorou significativamente sua capacidade de promover interação e empatia com os seres humanos sendo bem aceita pela maioria das pessoas que a conhece.

Imagine, então, por um momento, que você sai de casa para ir à farmácia e no lugar da habitual farmacêutica que você conhece há anos está Sophia para lhe atender já tendo em mãos o medicamente que você ia pedir. Saindo da farmácia, meio “atordoado” com que o viu, você passa no posto de gasolina da esquina de sua casa, naquele que todo dia a mesma frentista lhe atende, e Sophia vem lhe receber com um sorriso e já tem em mãos o troco da nota de R$ 50,00 que todos os dias você dá para por R$ 30,00 de combustível. Não bastasse estas suposições imagine que você começa a perceber que a atendente da padaria aonde você vai com frequência é outra Sophia, que moça da frutaria é outra Sophia, que sua dentista é uma Sophia; enfim, que em cada lugar onde você vai tem uma robô Sophia para lhe atender.

Estranho? Impossível? Tais possibilidades estão apenas no campo da ficção. 

Não mesmo. E prova desta afirmação é que ainda para este primeiro semestre de 2021 os criadores de Sophia prometem invadir o mundo com um “exército” de robôs iguais à Sophia. Isto mesmo, Sophia será replicada em massa para começará a executar tarefas das mais diversas em todas as partes.

Assustadora ou não semelhante possibilidade é assim que uma nova sociedade começa a ser construída onde os seres humanos terão que dividir seus espações com máquinas inteligentes e com cidadania. Sim, cada Sophia produzida é a mesma Sophia que tem cidadania. 
 
Segundo os responsáveis pela criação de Sophia a decisão de se criar ainda em 2021 um “exército” de robôs iguais à humanoide Sophia é para tentar amenizar ou mitigar os inúmeros problemas decorrentes do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 que estão deixando as pessoas cada vez mais solitárias, distantes e com medo. Assim, a missão da empresa passou a ser a criação deste exército para fornecer “companhia” para as pessoas. 

Há de se observar, porém, que esta ideia de se criar um exército de robôs com habilidades específicos para ajudar os seres humanos não é de toda inolvidável haja vista que desde o início da criação dos primeiros robôs humanoides ou humanos digitais sempre se pretendeu a substituição de trabalhadores humanos por máquinas.

Veja-se, para citar um exemplo concreto, que o Exército Britânico pretende reduzir em 10 mil o número de seus soldados “humanos” por robôs, drones e outros equipamentos robóticos como combatentes que possam ser utilizados pelas forças armadas haja vista, obviamente, que o custo para se manter “soldados de carne e osso” é muito mais caro e pouco produtivo. “Homens não possuem peças de reposição”. 

Se houver um contingente de máquinas que possa realizar o mesmo ou mais que um exército de homens a mudança de perspectiva bélica já seria recomendável. Agora se um contingente de máquinas faz o mesmo que os homens e é muito mais barato de se manter não haverá dúvidas quanto à mudança radical que pode ocorrer no cenário militar mundial brevemente.

Então imagine um exército treinado (programado) constituído de robôs do tipo de Sophia que possuem inteligência artificial para serem mais inteligentes que os seus adversários no campo de batalha.  Assim, em absoluto, por exemplo, diminuir a tropa constituída de homens pela substituição de robôs inteligentes significará ser militarmente mais fraco. Quebrar-se-á definitivamente o paradigma histórico de que quanto mais soldados mais poderosas são as forças armadas.

Embora possa parecer estranho, mas quando a robô humanoide Sophia “nasceu” (foi concebida, edificada) não possuía braços nem pernas. Era apenas uma cabeça com um rosto bonito e que reproduzia quase à perfeição muitas expressões faciais humanas quando dava suas entrevistas. Todavia, hoje tem braços e pernas e anda imitando os passos humanos, sem quaisquer cabos auxiliares.

 Mas, um robô ter braços e pernas há muito tempo deixou de ser algo tão espetacular, pois é sabido que já faz algum tempo que existem robôs humanoides com braços e pernas funcionais e que no dia a dia são capazes de realizar muitas tarefas como aquelas exercidas pelos seres humanos tipo levantar e carregar pesos (por exemplo). Com câmeras e sensores de movimento estes robôs que andam sozinhos (sem cabos) superam quaisquer obstáculos em seus caminhos e passam a ter senso de direção cada vez mais aprimorado. Certamente, Sophia, também, será aperfeiçoada e se apropriará destas tecnologias de locomoção para mais perfeitamente andar e mexer suas mãos e pés também.

Todavia, cientistas já estão trabalhando no sentido de juntar tecidos biológicos com motores e circuitos eletroeletrônicos gerando androides híbridos que tenham músculos biológicos para melhor responder quando colocados em terrenos irregulares ou desconhecidos, pois partem do princípio de que os músculos naturais além de promover o equilíbrio garantem o melhor caminhar e adaptação em terrenos irregulares. O músculo biológico é, também, altamente eficaz em transformar energia em movimento, diminuindo, por consequência, o elevado uso de baterias que seriam consumidas para movimentar as correspondentes engrenagens e amortecedores dos robôs.

Suponha, então, que Sophia passe a ser construída com tecido muscular biológico híbrido mesclado com partes mecânicas produzindo energia sem necessidade de baterias haja vista que músculos têm esta capacidade de armazenar e converter energia em movimento devido apenas à flexibilidade dos mesmos. 

Mas, alguns diriam, que mesmo assim ainda seriam necessárias baterias para manter os demais circuitos eletroeletrônicos e partes mecânicas dos robôs e sendo assim, sempre os humanos teriam o controle sobre as máquinas que não funcionariam sem as baterias que mais cedo ou mais tarde iriam descarregar depois de seguidamente utilizadas por períodos limitados de tempo.

Entretanto, para a questão precedente sobre as baterias há, também, uma inolvidável solução que poderá ser usada por Sophia para jamais depender das mesmas para mantê-la em funcionamento.

Até uns anos atrás a maior frustação, talvez, para todo aquele que começava a estudar robótica era o fato que sem energia os robôs não funcionavam. E isto, é claro, ainda não mudou. Como os humanos não “funcionam” sem comida, as máquinas, também, não trabalham sem energia. Tanto quanto os robôs, sem comida o ser humano é “desligado”. Assim, as baterias sempre são um grande empecilho para a criação de robôs autônomos. 

Todavia, atualmente já existem, por assim dizer, “estômagos artificias” que são capazes de digerir (por exemplo, biomassa) e gerar a energia tão necessária para manter o robô ligado, ou para alimentar os circuitos eletroeletrônicos dos robôs. Estudos avançam no sentido de construir robôs com estômagos artificiais que podem gerar sua própria energia a partir de insetos mortos, bactérias, detritos fecais de animais, dentre outros elementos.

É claro que o estômago artificial do robô vai gerar material inútil que se não tiver como ser expelido iria danificar a máquina. Então, a saída foi construir, obviamente, um “intestino artificial” a partir do qual o robô pode excretar o lixo que não lhe serve para produzir energia. Assim, com o estômago artificial o robô digere sua comida, gera sua energia, realiza seu trabalho e lança fora todo o material que não serve para seu estômago bioeletroquímico produzir sua energia.

Então, construa-se Sophia com um estômago e um intestino artificiais com semelhantes características e Sophia será autossuficiente para gerar sua própria energia. Mas, não se deve esquecer que Sophia foi engendrada para aprender e apreender e ser mais inteligente que os humanos devido à sua inteligência artificial que vai acumulando conhecimento de forma recorrente. Nunca esquecer, também, que Sophia é uma cidadã e como tal tem os mesmos direitos dos humanos.

Perceba-se, então, que existirão, sim, sérias preocupações se um exército de robôs humanoides Sophia (com Cidadania e implementados com todas as inovações tecnológicas precedentemente observadas) for construído e posto para circular entre os humanos.  

A despeito, porém, de quaisquer condicionantes de ficção científica ou orientações ditadas pelo ceticismo, no mundo 4.0 da inovação, seria de todo garantido afirmar que mesmo agora mais de uma Sophia (disfarçadas talvez com aparências diferentes da Sophia original) já não estejam por aí interagindo com as pessoas sem serem percebidas?

* Carlos Magno Corrêa Dias é professor, pesquisador, conselheiro efetivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, conselheiro sênior do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI), líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC), personalidade empreendedora do Estado do Paraná pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep).

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