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“Céu nublado a parcialmente nublado com instabilidades ocasionais.” Essa é a previsão mais otimista possível para a indústria da construção civil no estado do Amazonas para 2016. Em cenários não tão otimistas, o tempo simplesmente fecha, ou seja, poderemos ter um ano com menos obras e mais desemprego.

 

Com a crise institucional que assola o País, com instabilidade política, inflação de dois dígitos e recessão instalada, seria de se esperar que a construção civil se apresentasse como a mola mestra, como a alternativa mais rápida para a geração de emprego e renda para resolver os problemas da economia nacional. Essa pelo menos era uma das mais antigas receitas aplicadas pelos gestores em todas as esferas de poder.
Não é o que se vê. Todos os índices de 2015 mostram que o setor fechou mais um ano amargando perdas. Termômetro dessa situação, a venda de materiais de construção no Amazonas caiu entre 4,5% e 6,5%, quando em anos anteriores acontecia exatamente o oposto, com crescimento da ordem de 35%, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção e demais representantes do setor.
Embora nenhum setor da economia nacional tenha ficado isento dos problemas advindos dessa que pode ser a maior crise econômica do País nas últimas décadas, com retração alarmante e generalizada nas vendas em todos os segmentos, a construção civil, que representa 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, precisa e deve receber tratamento diferenciado. Com acentuada redução de novos lançamentos e aumento dos estoques, os construtores de médio e grande porte se veem às voltas com desaparecimento de seus capitais de giro e endividamento.
Também vitimado pela crise econômica nacional, o governo do Amazonas se viu obrigado a paralisar quase todas as suas obras na capital e no interior em 2015. Os pequenos construtores do estado correm até mesmo o risco de desaparecer do mercado. Por que? Porque além de todos os problemas e interveniências negativas já citadas, comuns a todo o Brasil, o Amazonas sofre ainda com as enormes distâncias entre a capital, Manaus, e os municípios onde a maioria das obras é realizada. A inexistência de mão de obra especializada e dos insumos necessários para a construção civil também encarece sobremaneira os preços, ao ponto de quase inviabilizar a realização de obras nos municípios mais distantes.
Para se ter uma ideia, basta lembrar que entre 2012 e 2015 foram eliminadas 20 mil vagas com carteira assinada, reduzindo-se os trabalhadores com registro de 90 mil para 70 mil nesse período, segundo dados do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil). Na região Norte como um todo, a queda do número de empregos no setor em 2015 foi da ordem de 14,06%.
Admitindo que todos os dados acima citados estejam corretos e que, por conta disso, a recuperação da economia nacional deva demorar efetivamente um pouco mais do que o esperado, o empresário da construção civil (principalmente aquele da região Norte, por tudo o que já foi dito) precisa se adaptar a esse novo cenário, reduzir custos e cortar novos investimentos, caso não queira perder capital de giro e se ver obrigado, nos casos mais extremos, a se desfazer de parte de seus ativos ou fechar as portas.
Wissler Botelho Barroso – Presidente do Senge Amazonas

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