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Cresce Brasil

Soberania, cultura, economia e política estiveram em pauta durante a 9ª Jornada Brasil Inteligente, promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) em 1º de julho, na sede do Seesp, na Capital. Sob o mote “Brasil 2022: o País que queremos”, a atividade debruçou-se sobre os desafios à retomada do desenvolvimento sustentável nacional e aprofundamento da democracia.

Com o objetivo de dar um salto nessa direção, iniciativa central da CNTU ocupou espaço privilegiado na jornada: o projeto “Brasil 2022”, cuja logomarca criada pelo arquiteto e designer Ruy Ohtake foi lançada à abertura. O diretor de articulação nacional da confederação, Allen Habert, explicou que o “Brasil 2022” tem importantes diretrizes, começando por discutir como trabalhar com o jovem e unificar os 14 milhões de profissionais liberais universitários do País. “Nossa ideia é que a gente trabalhe até 2022 reunindo lideranças para montarmos o que considero a Constituinte do Saber.”

Já a economista Ceci Juruá, conselheira consultiva da CNTU, abordou a questão da soberania nacional e ressaltou: “Gostaria muito que pudéssemos chegar em 2022 e dizer: ‘enfim, temos um país desenvolvido’. Aí sim completaríamos, com brilhantismo, dois séculos de Independência.” Também participaram como palestrantes a socióloga e cineasta Isa Grinspum Ferraz, diretora cultural da Fundação Darcy Ribeiro, e o compositor e maestro Jorge Antunes, professor titular da Universidade de Brasília (UnB).

Economia e política

À mesa-redonda “Economia e política rumo ao Brasil 2022”, a integrante da Auditoria Cidadã da Dívida, advogada Carmem Cecilia Bressane, salientou a potencialidade do Brasil: “Somos a nona economia mundial. O País detém diversas riquezas minerais. É o terceiro em reservas de petróleo e com o pré-sal, pode chegar a primeiro. Possui a maior área agriculturável do planeta e a maior reserva de água potável.” A despeito disso, como apontou, convive com a falta de recursos “para tudo”.

Bressane frisou, contudo, que a crise econômica “é seletiva”: “Em 2014, o lucro dos bancos foi de mais de R$ 80 bilhões e em 2015, superou essa marca. A indústria hoje corresponde a menos de 9% do PIB e já foi 30%. Há queda de emprego, perdas salariais. A proposta de ajustes fiscais é de cortes na área social e mais impostos, que atingem as classes baixa e média. Não se tributam as grandes fortunas. Por outro lado, há avanços para financiar mais concessões ao mercado. Não há justificativa para os juros que temos no País. No mundo inteiro, situam-se em torno de 1%.” Ainda segundo ela, entre 31 de janeiro e 31 de dezembro de 2015, o aumento da dívida pública interna foi de R$ 732 bilhões. “Para onde foi esse dinheiro? Não houve contrapartida na economia brasileira. O pagamento do sistema da dívida corresponde a R$ 2,6 bilhões por dia, seria o equivalente à construção de 2,5 estádios do Corinthians.”

Diante desse quadro, a advogada propugnou por auditoria. E criticou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, em tramitação no Congresso Nacional, que “impedirá o aumento de gastos sociais por 20 anos, além de não prever que se impeça a dívida pública”. Também defendeu o financiamento público de campanha.

Para o analista político e consultor sindical João Guilherme Vargas Netto, “a crise verdadeira que o País enfrenta é na economia, com recessão brutal”. Segundo ele, “não temos essa sensação, devido ao colchão social representado pelo seguro-desemprego e bolsa família, sobre o qual a massa da população se apoia há mais de 12 anos. Por isso, os dirigentes estão subestimando essa situação”. Vargas Netto completou: “O Brasil tem 102 milhões de trabalhadores e 12 milhões de desempregados. A taxa média é 12. Em jovens, é três vezes mais e em profissionais universitários, quatro.” Alertou ainda que o governo interino de Michel Temer deve aprofundar esse quadro. “É preciso esforço de unidade das centrais sindicais para resistir à reforma da Previdência.”

Diretor da CNTU, o economista Odilon Guedes corroborou: “O governo anterior teve equívocos na política econômica, e Temer é um desastre total. O País corre o risco de ser recolonizado. No ano passado, foram pagos R$ 500 bilhões em juros da dívida pública. O Brasil é rico, mas há uma concentração de renda brutal.” Na sua ótica, a solução passa por baixar os juros, realizar reforma tributária e investir em infraestrutura, educação e saúde para o País voltar a crescer e se desenvolver.

Posse dos novos conselheiros

Ao final, realizou-se a 9ª Plenária do Conselho Consultivo da CNTU, em que foram empossados 138 novos membros desse. Agora são 1.018 no total. Habert comemorou: “Hoje atingimos a marca de mil lideranças. Em 2022 seremos 22 mil. Somos uma força que pode empurrar o Legislativo, o Executivo e o Judiciário e ver quais os nós górdios que nos seguram para liberar energia a um salto no desenvolvimento sustentável nacional.” Gilda Almeida, vice-presidente da CNTU, salientou: “Tivemos hoje duas propostas: realizar a campanha ‘O pré-sal é nosso’ e pela volta do Ministério da Ciência e Tecnologia. O conjunto dessas mil cabeças é fundamental nesse processo.” Na plenária, 15 conselheiros apontaram propostas a um país mais justo.

Encerrando a jornada, Murilo Pinheiro, presidente da CNTU e da FNE, ressaltou: “Foi um exemplo de discussão do que queremos para o País. Vamos usar o ‘Brasil Inteligente’, a nossa confederação, nessa direção. Chamamos todas as entidades e profissionais a se somarem ao movimento ‘Engenharia Unida’ (iniciativa da federação) para discutirmos as questões de real importância para a sociedade. É possível mudar e fazer acontecer.”

Confira cobertura completa no site da CNTU, no link http://goo.gl/DHNgXM

 

*Colaborou Rosângela Ribeiro Gil


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