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O engenheiro de software Jon “Maddog” Hall tem muitos feitos associados a seu nome e ao apelido de “cachorro louco” que recebeu dos alunos da Hartford State Technical College quando era chefe do Departamento de Ciência da Computação, por sua personalidade forte. Ele é um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Linux, idealizado por Linus Benedict Torvalds, estudante de Engenharia da Computação, nascido na Finlândia e naturalizado nos Estados Unidos. Maddog contribuiu com Linus, tanto do ponto de vista técnico quanto comercial, para que o sistema operacional se tornasse realidade. Tido pelas novas gerações como um missionário, por espalhar a filosofia do software livre ao redor do mundo, o engenheiro completa 50 anos de carreira em 2019.

 Presença obrigatória na Campus Party, maior evento de tecnologia do Brasil, e em outros como o Fórum Internacional de Software Livre, Maddog esteve no País em dezembro de 2018, quando recebeu do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp) o Prêmio Personalidade da Tecnologia na categoria Telecomunicações e TI.

O que significa receber o prêmio concedido pelo Seesp?

É um reconhecimento do software livre, do código aberto e de toda a comunidade acadêmica, de engenheiros, com capacidade para pesquisas de códigos fontes, de forma acelerada, o que não seria possível se o fizessem utilizando código fechado. Então, me sinto muito honrado por receber esse prêmio, não só por mim, mas por toda a comunidade.

Como foi a sua aproximação do software livre e qual a sua contribuição para o desenvolvimento do Linux?

Uso software livre ou de código aberto desde 1969, quando era estudante universitário. Integrei uma organização, a Digital Equipment Corporation’s User Society [Decus] e comprava programas de software que custavam US$ 5. Via como funcionava e fazia cópias para meus amigos por ser um software livre. Depois, as companhias começaram a fechar os códigos à medida que existiam cada vez mais sistemas produzidos em massa. O que restringiu a distribuição e uso do software livre. Em 1984, quando Richard Stallman começou com o projeto Gnu, me interessei. Ajudava meus clientes a terem acesso a esses softwares e aí, quando conheci Linus Torvalds em 1994, vi o Linux pela primeira vez e percebi que não era só uma brincadeira, mas um produto com valor comercial. Ajudei o Linus a conseguir um computador para elevar o Linux de 32 bits para 64 bits e dar suporte de engenharia e comercial. Comecei a falar sobre isso, ainda que a empresa onde trabalhava estivesse comercializando um software fechado. Percebi que o Linux ficaria cada vez melhor e que era o fim dos sistemas fechados. Comecei a falar isso para governos, universidades e empresas, de como seria possível economizar dinheiro ou fazer produtos melhores.

Como o software livre contribui para os serviços públicos e o desenvolvimento econômico?

O governo precisa de software para governar e tanto pode comprar uma base de dados de uma grande empresa, por US$ 5 mil, ou de uma menor, nacional. Certamente a grande empresa vai ter uma solução completa. Mas o governo estará enviando dinheiro para fora do País ao invés de contratar programadores brasileiros, que movimentem a economia local, pagando impostos locais. Outro benefício gerado é a construção do conhecimento local. E se isso não for feito aqui, os engenheiros vão buscar no exterior, pois eles querem empregos interessantes e úteis. Por isso, trabalham um par de anos aqui e depois vão para outros países, e o Brasil perde o investimento na formação. O terceiro benefício tem a ver com segurança.

Como e por que o software livre é considerado mais seguro?

Alguns defendem que o código aberto é melhor porque você pode enxergá-lo em sua totalidade e ver como funciona. Mas, na verdade, não faz diferença. Sempre pode ter um bug. Sempre há maneiras de entrar no sistema. A pergunta é: com que rapidez você consegue perceber e consertar? Há uns anos tornou-se público que a NSA [Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos] espionava a presidente Dilma e isso precisava ser consertado. Infelizmente, meu governo não parou de espionar o governo brasileiro. Uma das preocupações que temos no projeto que apoio aqui no Brasil, o Caninos Loucos, é a criação de um sistema genuinamente brasileiro aberto, hardware e software. Nossas cidades serão comandadas por sistemas computadorizados, a internet das coisas, e precisamos ser capazes de administrar isso.

O Caninos Loucos é uma extensão do Projeto Cauã, que tinha como objetivo criar empregos em TI no Brasil e na América Latina, reduzindo custos com energia elétrica, facilitar o uso de computadores e ampliar o acesso à internet?

Sim. Comecei pensando em aproveitar computadores que eram jogados fora após três anos de uso, por se tornarem obsoletos, o que não é verdade. Esse computador que uso tem mais de seis anos e ainda é completamente adequado para o que faço. E se pudéssemos transformar computadores que usam até mil watts de energia em computadores de placa única, a preço acessível, com dez watts de potência? Isso reduziria o consumo de energia elétrica, inclusive com ar-condicionado para refrigerá-los. Atualmente estamos produzindo essas placas, que se chamam Labrador. Agora precisamos de mentores para trabalhar com os estudantes de engenharia que fazem parte do projeto. Aguardamos o retorno de um financiamento na Austrália para obter um fundo de US$ 1 milhão ao ano. Então, com o que temos, já é possível equipar o sistema de entretenimento das casas, com a internet das coisas, criar pontos de venda online para startups utilizarem o Labrador – essa é uma das primeiras coisas que vamos fazer quando começarmos a produzir em grande quantidade, a partir de 2019.

Saiba mais sobre o projeto Caninos Loucos

 

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