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Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, em parceria com cientistas australianos e norte-americanos, testaram com sucesso um modelo climático segundo o qual seria possível reduzir o calor extremo do verão em regiões produtivas ou habitadas com populações vulneráveis, com pequenas alterações no uso do solo e no manejo da radiação, revela um estudo publicado nesta segunda-feira (29) na revista científica Nature Geoscience.

Os pesquisadores mediram o efeito de manter os campos não arados após a colheita e os telhados em cores claras ou espelhadas na redução da temperatura. Os telhados reflexivos ajudam a  dissipar o calor em áreas mais urbanizadas e o solo não arado reduz a absorção da radiação solar pelo solo. “Com tais medidas, temperaturas extremas em regiões agrícolas e áreas densamente povoadas podem ser reduzidas de 2oC a 3oC”, afirma a pesquisadora Sonia Seneviratne, do Instituto Federal de Zurique, especialista em dinâmica do clima e uma das autoras do estudo.

Os resultados podem ser ainda mais expressivos em regiões mais quentes, segundo o modelo. “São os primeiros testes e a resposta foi bastante promissora, especialmente em um momento em que as ondas de calor tornam-se mais comuns com a mudança climática e afetam duramente áreas continentais e regiões urbanas durante o verão”, disse o pesquisador Steven Phipps, da Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália).

Foram analisadas áreas urbanas e aglomerações agrícolas da América do Norte, da Europa e da Ásia a partir de um modelo climático abastecido com dados da temperatura média, extrema e precipitações. Os modelos mostraram uma influência insignificante nas temperatura médias, alteraram ligeiramente a precipitação, mas reduziram consideravelmente as temperaturas máximas. Na Ásia, Índia e China, as simulações também mostraram uma queda nos níveis de chuvas de monção, o que tornaria a abordagem inadequada para esses países – cuja agricultura depende das monções.

Atacar as temperaturas extremas é um grande benefício para as populações, segundo o diretor do centro de estudos australiano de climas extremos, Andy Pitman: “Afinal, é lá que os sistemas humanos e naturais estão mais vulneráveis. Alterar as propriedades localmente ajuda a resolver esta questão com menos efeitos colaterais.” De acordo com ele, as mudanças de temperatura projetadas para os próximos anos apresentam alta variabilidade regional e o calor costuma ser maior justamente em superfícies continentais. “No caso das cidades, observamos que os benefícios podem ser particularmente elevados, devido as crescentes tendências de urbanização”.

Algumas vantagens da geogenharia caseira: a área da superfície terrestre afetada pelas mudanças pode ser controlada, com impacto local significativo; os efeitos colaterais locais sobre o meio ambiente podem ser avaliados e modificados e os investimentos podem ser focados para as regiões de maior necessidade, as densamente povoadas e as produtoras de culturas.

“Essas soluções parecem inofensivas se comparadas à injeção de aerossóis na atmosfera, à fertilização do oceano com ferro ou aos espelhos refletores gigantes no espaço”, disse Pitman. “Mas deve-se ter em mente que propostas mais radicais tendem a mudar de maneira imprevisível a dinâmica dos ecossistemas da Terra, tornando a situação do clima ainda mais dramática”.

Nesse sentido, a geoengenharia de ação local é um meio potencial para contrariar parte do aquecimento global ou, pelo menos, diminuir a velocidade taxas de aquecimento enquanto outras estratégias de mitigação são implementadas. A principal medida e a mais urgente, reforçam os cientistas, continua sendo a redução drástica dos gases de efeito estufa.

Observatório do Clima

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