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Cresce Brasil

Brasil é um dos maiores fornecedores mundiais de alimento, tendo a Engenharia presente em todos os processos produtivos. No Paraná, o destaque é para produção de alimentos orgânicos

Há uma década, éramos 1 bilhão de famintos no mundo, agora somos 795 milhões. Em contrapartida, dados da FAO (Food and Agriculture Organization), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, mostram que ainda temos 1,9 milhão de obesos e 2 bilhões de desnutridos. Por isto, os esforços para erradicação da fome e o combate à pobreza continuam. Afinal, o maior incremento do PIB (Produto Interno Bruto) vem do Agronegócio. Setor que depende da Engenharia para continuar crescendo. Engenheiros Agrônomos, Agrícolas, Ambientais, de Pesca, Produção, Alimentos, Mecânicos e Civis têm ajudado o homem do campo a produzir mais de forma sustentável, melhorando a quantidade e qualidade produzida.

Hortas Comunitárias MaringáEm 2008, o Governo Federal lançou um programa de Agricultura Urbana para melhorar a segurança alimentar no país. Foram implantados quase 40 projetos CAAUPs (Centros de Apoio à Agricultura Urbana e Periurbana) de incentivo ao uso de espaços urbanos e periurbanos ociosos por meio da agroecologia. No entanto, muitos não vingaram. Na região metropolitana de São Paulo, o trabalho esbarrou em obstáculos como a falta de área para plantar e a dificuldade em encontrar produtores interessados.

Em Maringá, no interior do Paraná, a iniciativa de inclusão social e produtiva de famílias em situação de vulnerabilidade social e econômica deu certo. O CerAUP (Centro de Referência em Agricultura Urbana e Periubana) começou em 2008 com quase 200 famílias compartilhando 7 hortas comunitárias em terrenos cedidos pela Prefeitura. Uma década depois, são 38 hortas comunitárias e mais de 1.055 famílias envolvidos. Para o coordenador do projeto na CerAUP/UEM, Engenheiro Agrônomo Ednaldo Michellon, a iniciativa trouxe alimentos saudáveis para a população, gerou renda e ajudou na socialização de pequenos produtores. Ainda segundo o professor, nas hortas comunitárias as culturas são produzidas sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos.

Projetos como o realizado no noroeste paranaense reforçam a tese de mudança de pensamento da população e mostram que o consumidor está cada vez mais exigente. Para a Engenheira Agrônoma Samireile Silvano Messias, Diretora de Agricultura da Prefeitura Municipal de Maringá (PMM), a produção brasileira está deixando de ser somente por quantidade, para ser por qualidade. “Felizmente a procura tem sido por alimentos que nutrem, trazem bem-estar e conforto”, destaca.

No Paraná, a busca por alimentos frescos orgânicos é crescente nas últimas décadas, e foi potencializada com as políticas públicas de apoio, como a criação da certificação pública da produção, por meio do programa Paraná Mais Orgânico – PMO, que está completando uma década neste ano, conforme salienta Michellon, que é membro do Comité Gestor do PMO.

Por sua vez, os agricultores familiares conseguem competir de igual para igual com as grandes empresas. Há preocupação com a rastreabilidade dos produtos, responsabilização da produção e sanidade dos alimentos (sem uso de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos). No entanto, Samireile lamenta que os produtos saudáveis ainda sejam inacessíveis para a maior parte da população. “Estão surgindo novas tecnologias que modernizam e barateiam a produção, mas ainda temos um cenário com um volume de produtos abaixo da necessidade. Precisamos de mais investimento do poder público e da iniciativa privada na produção de alimentação saudável, com menor impacto ao meio ambiente.” Ela complementa que faltam políticas públicas que melhorem a qualidade da produção e ajudem na distribuição desses alimentos.

O Engenheiro Agrônomo Paulo Milagres, do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater, lembra que os estudos de órgãos como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) triplicaram a capacidade produtiva das propriedades rurais paranaenses nos últimos anos. “Temos que comemorar a quantidade de oferta de alimento no mundo, a tecnologia colocada no campo e o surgimento de novas técnicas, como a de plantio direto, adubação e irrigação”. Milagres também ressalta o fato de o Brasil ser um dos maiores fornecedores mundiais de alimento. “Abastecemos o mercado nacional e uma grande quantidade dos países da América do Sul, Europa e Ásia. Temos uma produção equilibrada e uma área produtiva invejável”, comemora.

Na vanguarda da produção de alimentos no Brasil, a Engenharia está presente em todos os processos produtivos. No campo, destacam-se os Engenheiros Agrônomos, Agrícolas e de Pesca. Nas indústrias, os Engenheiros de Produção e Alimentos. Engenheiros Mecânicos e Eletricistas desenvolvem equipamentos e processos automatizados que facilitam a vida do produtor rural. Se pensarmos no transporte alimentício, encontramos ainda os Engenheiros Civis, responsáveis pelas obras de infraestrutura de estradas e rodovias, por onde as safras são escoadas.

Vale destacar que no atual cenário brasileiro, cerca de 30% da produção agrícola é perdida na lavoura e no transporte, o que demonstra a carência de investimentos nesta área. Também falta conscientização sobre o desperdício de alimentos. Dados da FAO da Organização das Nações Unidas indicam que as perdas atingem cerca de 30% do total produzido no planeta. Ou seja, o combate ao desperdício é um desafio para o País e o mundo nos próximos anos.

Neste contexto de alimentação nutritiva e desperdício, é que entra o Engenheiro de Alimentos, profissional que estuda para garantir que os alimentos sejam benéficos aos consumidores ao mesmo tempo em que atendam às necessidades de mercado. De acordo com o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Engenheiro de Alimentos Alexandre Alfaro, os engenheiros atuam nos procedimentos de conservação, armazenamento, transporte e nas estratégias de comercialização dos produtos alimentícios nas indústrias. “O Engenheiro de Alimentos preza pela qualidade do que produz. Busca alternativas para manter os valores nutricionais dos alimentos sem alterar suas características sensoriais. Além de reduzir compostos que prejudicam a saúde humana, como o excesso de sódio (sal) e açúcar”, destaca.

No campo, a função do Engenheiro de Alimentos é o processamento dos itens, buscando alternativas para minimizar as perdas, desenvolvendo novos produtos a partir das sobras. “Entre os vegetais, conseguimos o aproveitamento integral de algumas frutas e hortaliças, por exemplo, durante a produção de sucos, quando nem os bagaços são desperdiçados.”

Carina Bernardino - CREA-PR

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