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O presidente da FNE, Murilo Celso de Campos Pinheiro, participou, em 15 de dezembro último, da entrega do manifesto “Compromisso pelo desenvolvimento”, elaborado por entidades sindicais e empresariais, à presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. Na avaliação do dirigente, a audiência foi positiva, tendo em vista que a mandatária do País sinalizou disposição de discutir seriamente as propostas apresentadas. “Ela mostrou, ainda, que tem uma visão muito clara da importância da engenharia ao desenvolvimento nacional.”

Ao final da reunião, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, falou à imprensa em nome da presidente: “Ela recebeu de uma forma muito positiva essa iniciativa dos trabalhadores, do setor empresarial e orientou todos os ministros a dar consequência e sequência a essa agenda de trabalho.” Antecedendo o encontro com Dilma, pela manhã, as propostas haviam sido debatidas pelos trabalhadores e empresários com Rossetto e com Armando Monteiro, titular do  Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 

O manifesto, lançado em 3 de dezembro na capital paulista, sinaliza sete diretrizes econômicas emergenciais (leia abaixo) para impedir que a recessão se agrave no País. Entre essas, estão a retomada dos investimentos públicos e privados em infraestrutura produtiva, social e urbana e no segmento de energia e destravamento do setor da construção civil. O engajamento da FNE, segundo Pinheiro, se dá porque “acreditamos que os princípios que norteiam o projeto ‘Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento’ desde o seu lançamento são ainda mais pertinentes neste momento de crise”. O País, prossegue o dirigente, precisa seguir um rumo que leve à retomada do crescimento, do emprego e da renda, que estão na base das propostas da categoria.

Ainda de acordo com Pinheiro, o governo precisa perceber que a “elevação dos juros e cortes nas áreas sociais só prejudicam o investimento produtivo e agravam as condições de vida da população”. E critica: “Isso só interessa ao rentismo, ao lucro fácil do mercado financeiro, que nada tem a ver com a nossa economia real.” Nesse sentido, o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, acredita que é hora da unidade do capital e do trabalho, sabendo das diferenças, “mas também reconhecendo os pontos que nos unem em defesa do Brasil”. E acrescenta: “Enfrentar os atuais desafios depende da nossa dinâmica econômica – da agricultura, da indústria, do comércio, do setor de serviços e de um mercado interno robusto e da capacidade de exportar os nossos produtos.”

Raio de luz

O consultor sindical da FNE, João Guilherme Vargas Netto, avalia que a iniciativa e o manifesto são tentativas de colocar “racionalidade numa crise que está nos levando, às vezes, até ao desespero”. Nesse ambiente, diz ele, tenta-se formar um bloco muito conservador a respeito da economia e da sociedade, que tem todos os elementos do neoliberalismo, como o desmanche do Estado. “O ‘Compromisso pelo desenvolvimento’ é uma tentativa de colocar uma alternativa a isso. Nesse sentido, ele é um raio de luz nessas nuvens tempestuosas.”

Para o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, entidade signatária do manifesto, o povo brasileiro conseguirá resgatar a confiança e impedir que o ano de 2016 seja perdido. A posição é reforçada por Carlos Alberto Pires, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para quem a reconstrução do País deve começar já e pela indústria, que precisa ser forte e competitiva para vender dentro e fora. “2016 é o ano para fazermos as reformas para crescermos. Por isso, estamos juntos em torno de uma bandeira, o Brasil.” O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, não tem dúvida de que trabalhadores e empresários devem se unir para forçar o governo a quebrar a lógica da recessão: “Quando se acaba com a indústria, perdemos tecnologia, investimentos e emprego qualificado.”

Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), considerou: “Precisamos estancar essa sangria do desemprego e do caos.” Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), defendeu que o País precisa retomar os investimentos no setor produtivo, em obras de infraestrutura, na construção de ferrovias e na modernização de portos, aeroportos e rodovias.

Sete diretrizes para a retomada do crescimento

• Retomar rapidamente o investimento público e privado em infraestrutura produtiva, social e urbana, ampliando os instrumentos para financiá-la, bem como criando ambiente regulatório que garanta segurança jurídica;

• retomar e ampliar os investimentos no setor de energia, como petróleo, gás e fontes alternativas renováveis, em especial na Petrobras;

• destravar o setor de construção, utilizando instrumentos institucionais adequados que garantam a penalização dos responsáveis e a segurança jurídica das empresas, com a manutenção da atividade produtiva e dos empregos;

• criar condições para o aumento da produção e das exportações da indústria de transformação;

• priorizar a adoção de políticas de incentivo e sustentabilidade do setor produtivo (agricultura, indústria, comércio e serviços), de adensamento das cadeias produtivas e de reindustrialização do País;

• ampliar, em condições emergenciais, o financiamento de capital de giro para as empresas; e

• adotar políticas de fortalecimento do mercado interno para incremento dos níveis de consumo, de emprego, renda e direitos sociais.

Leia o manifesto “Compromisso pelo desenvolvimento” na íntegra.