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É preciso que o Congresso Nacional compreenda a mensagem que vem sendo emitida pelos trabalhadores brasileiros, que são a imensa maioria da população: é tempo de parar a tramitação das reformas trabalhista e da Previdência.

A greve geral de 28 de abril e a marcha a Brasília de 24 de maio, ambas manifestações vitoriosas, deram esse sinal claro, que deve ser assimilado pelos parlamentares. Equivocadas e injustas, tais proposições hoje, em meio a tamanha crise política, tornam-se também absurdas. Não é aceitável que se siga com a tramitação do Projeto de Lei da Câmara 38/17 e da Proposta de Emenda à Constituição 287/16, como se nada estivesse se passando no Brasil.

Não há justificativa para tamanha pressa ao tratar de questões tão relevantes. É necessário que o País volte à normalidade para que mudanças dessa monta, que atingem direitos históricos de um contingente de 100 milhões de pessoas e ameaçam minar a nossa já frágil proteção social, possam ser discutidas.

Os defensores de tais ideias devem se submeter ao real e efetivo debate público; não basta promover audiências meramente protocolares que em nada interferem na decisão das casas de leis. A sociedade precisa de informação clara e isenta, não de propaganda, para formar sua opinião e se posicionar.

Ao argumento do lendário déficit da Previdência contrapõe-se a demonstração de inúmeros especialistas que negam a existência de rombo. Por que não permitir aos brasileiros acesso amplo a tais informações para que possam julgar por si próprios? Aos que afirmam que o fim dos direitos trabalhistas gerará empregos, muitos respondem que a precarização enfraquecerá ainda mais a economia. Essa discussão precisa ser feita.

Nossa convicção é que se a opinião pública tiver acesso ao debate honesto e informado, o que é essencial a uma democracia de fato, a sociedade brasileira repudiará veementemente a ideia de retroceder em seus direitos. Em vez disso, optará por coletivamente buscar a saída da crise econômica que já flagela 14,5 milhões de cidadãos com o desemprego.

Ainda, entenderá que o caminho para tanto é garantir investimentos na infraestrutura nacional e estimular a produção; retomar obras paralisadas; buscar inovação para aumentar a produtividade e ter uma indústria competitiva; e valorizar a engenharia. Perceberá que é preciso também brecar a desnacionalização da economia que vem sendo posta em prática com medidas como a redução da exigência de contratação de conteúdo local pelas empresas petroleiras no Brasil.

Está mais que na hora de reencontrarmos o rumo do desenvolvimento. E isso exige abandonar as reformas erradas e desnecessárias e voltar a crescer.

Murilo Pinheiro é presidente da FNE e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU)