O investimento em infraestrutura e em profissionais para impulsionar o desenvolvimento com inclusão social foi uma das tônicas do discurso da presidente Dilma Rousseff a investidores internacionais, durante seminário empresarial na 68ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 25, em Nova York. Outra foi a importância do setor privado para as concessões que têm sido feitas no Brasil para melhorar a infraestrutura de transportes e do setor energético.
Essas foram as razões do grande interesse no evento "Oportunidades em Infraestrutura no Brasil", organizado pelo banco americano Goldman Sachs, em parceria com o Grupo Bandeirantes e o Metro Jornal, onde a presidente apresentou resultados e perspectivas de seus principais programas de governo. Entre eles estão o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida, e os esforços para criar logística em um país de dimensões continentais. Dilma chamou atenção para o fato de que, mesmo sendo um dos maiores produtores de alimentos e minério, o Brasil não tem uma malha ferroviária.
“Para o Brasil, é essencial que haja essa maior participação [do financiamento privado]. Não é possível haver uma expansão do porte de que necessitamos sem a participação de mercados de capitais e de outros instrumentos e do sistema financeiro privado”, disse a presidenta. Segundo ela, o modelo de concessões foi a alternativa encontrada para suprir a demanda da infraestrutura brasileira e enfrentar uma “falta de investimentos de décadas”.
Ao se referir ao Programa de Investimentos em Logística, Dilma ressaltou que conceder a administração de rodovias, ferrovias e aeroportos à iniciativa privada é uma opção estratégica do ponto de vista da gestão do setor. “Há entraves imensos no Brasil para a gestão de obras", disse ela.
Por outro lado, o país está preocupado com a sua própria qualificação profissional. Um dado apontado pela presidente ilustra as mudanças em curso para dar conta das demandas reprimidas de infraestrutura: "É importante que os senhores percebam o grande desafio que é um país que formava mais advogados do que engenheiros e que hoje pela primeira vez está formando mais engenheiros do que advogados", disse ela.
Também a criação e a formalização do emprego foram mencionadas por Dilma como parte de "uma bem sucedida política de inclusão social", que para ela é muito clara "quando vemos que criamos 20 milhões nos últimos 10 anos". Hoje, informou a presidenta, o país tem um mercado de classe média de mais de 100 milhões de consumidores, com ascensão de mais de 40 milhões de brasileiros da base da pirâmide social.
Beneficiados pela valorização salarial e programas de transferência de renda, esses brasileiros "querem mais", disse Dilma, dando exemplos das demandas atuais da nova classe média: "querem padrões de transporte público de qualidade, não querem ficar uma parte longa de sua vida no transporte público que ainda é de baixa qualidade".
O tema dos transportes está associado às manifestações de junho que, na avaliação da presidente, "não pediram volta ao passado, mas pediram um avanço nos serviços, mais qualidade de vida e mais democracia". Também o consumo reprimido, que foi sendo liberado nos últimos dez anos, foi lembrado pela presidenta. "Nós que assistimos à construção desse mercado interno no Brasil temos consciência de como ele é pujante e a capacidade demanda reprimida criou um potencial de consumo imenso", disse.
O caminho do desenvolvimento, lembrou Dilma, não é linear. A crise internacional também afetou o Brasil, apontou a presidente, "Nosso efeito à crise foi um pouco defasado, mas ele foi inexorável". Para ela, o Brasil conseguiu passar "até muito bem essa situação mais aguda da crise, que começa em 2011, 2012 e tudo indica melhora agora em 2013". A melhora esperada, segundo a presidente, não é grande, mas é "uma melhora gradual e lenta". Redação FNE, com Agência Brasil e jornal OESP