Imprimir

 A data de 1º de maio tem sido, por dezenas de anos, ligada à luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, em especial pela jornada máxima de 8 horas diárias, motivo da manifestação ocorrida na cidade de Chicago no dia 1º de maio de 1886, cujo desenrolar, nos dias subsequentes, levou ao assassinato pela polícia de dezenas de trabalhadores e à condenação à pena de morte de cinco dirigentes sindicais. Essa data ficou, então, definitivamente ligada à luta por melhores condições de trabalho e pela dignidade do trabalhador.

Infelizmente, neste 1º da maio Santa Catarina nada terá a comemorar. Hoje, está se iniciando a desativação da Unidade de Operação Sul da Petrobrás, localizada em Itajaí/SC, com a transferência para outras cidades de dezenas de trabalhadores altamente qualificados, especialmente engenheiros, geólogos e técnicos. O comando das operações passará para a Bacia de Santos, no que representa mais um duro golpe para o nosso estado, que já se acostumou ao desprezo e à indiferença da União por sua gente independente, trabalhadora e empreendedora, que jamais se conformou em viver à custa do parasitismo e da indolência, e que não vende a dignidade do seu voto em troca de favores. Mais uma vez o Sul – em especial Santa Catarina, o eterno 0 da BR – 101 - é penalizado por trabalhar e carregar nas costas grande parte do restante do país.

 Esta unidade da Petrobrás que está sendo desativada é a quinta em produção no país, e a segunda mais eficiente, em termos de produção de barris por empregado. É responsável pela produção diária de 73 mil barris de petróleo no Estado de Santa Catarina, que gera negócios de cerca de 7,5 milhões de dólares por dia, ou seja, mais de 225 milhões de dólares/mês, movimentados pela operação do navio plataforma FPSO/Cidade de Itajaí.

Mas esses dados não foram suficientes para convencer a nova diretoria da empresa, comandada por um profissional da área financeira que nunca teve contato com a indústria petrolífera, que preferiu mais uma vez sacrificar a eficiência em prol da politicagem.

 Nos últimos doze anos a Petrobrás foi submetida a uma verdadeira pilhagem, praticada por modernos corsários equipados com notebooks e celulares, a serviço de partidos políticos e de burocratas gananciosos e corruptos, num descalabro jamais presenciado pela humanidade. O símbolo da derrocada da maior empresa brasileira, cujo valor de mercado despencou de 380 para 120 bilhões de dólares em quatro anos, cuja dívida líquida ultrapassou a casa dos 300 bilhões de reais, é a indigitada usina de Pasadena, um dos negócios mais escusos e ineptos de que já se teve notícia, e que continua impávida e soberba do alto da sua ineficiência, agora praticamente paralisada por problemas de obsolescência de seus equipamentos.
Se a Petrobrás quisesse de fato dar um exemplo de que está disposta a se recuperar do descalabro a que foi submetida, venderia Pasadena ao primeiro incauto que aparecesse, como símbolo de uma limpeza ética e gerencial que a empresa terá de começar a fazer se quiser permanecer viva e atuante, num mercado petrolífero cada vez mais difícil e menos lucrativo.

Mas, ao invés disso, os sábios da Avenida República do Chile resolveram acabar com uma das suas unidades mais eficientes, prejudicando a economia de um estado que trabalha, desestruturando a vida de dezenas de trabalhadores, que, neste 1º de maio, enquanto milhões de pessoas ficarão em casa com suas famílias ou estarão nas ruas se manifestando, terão de empacotar seus pertences e partir para outras cidades, retirando seus filhos da escola, dissolvendo laços familiares e amizades longamente conquistadas, apenas para satisfazer os caprichos de uma burocracia incompetente e insensível, que mais uma vez demonstra seu desprezo pela eficiência, pelo trabalho e pelo nosso estado.

O SENGE-SC – Sindicato dos Engenheiros no Estado de Santa Catarina, a Federação Nacional dos Engenheiros - FNE e o Sindicatos dos Técncos Industriais de SC - SINTEC-SC desde o anúncio da desativação da Unidade Sul da Petrobrás em Itajaí, vem demonstrando sua indignação e repúdio a mais esse ataque ao nosso estado, e, principalmente, manifestando sua preocupação com a desmobilização de atividades de engenharia e também na área do ensino, já que essa atitude da empresa poderá comprometer o curso de Engenharia de Petróleo da UDESC, um dos melhores do país.   

Infelizmente, alguns políticos catarinenses, mesmo após terem se reunido com o presidente da Petrobrás, não perceberam que a empresa insiste em nos iludir com argumentos mentirosos e enganadores, ao afirmar que Santa Catarina não terá nenhum prejuízo.

Esperamos que os representantes de Santa Catarina na Câmara Federal e no Senado percebam a gravidade da situação e lutem pela manutenção da Unidade Sul da Petrobrás em Itajaí, fazendo ver à nação que a solução para a Petrobrás não é fechar unidades eficientes e produtivas, mas acabar com os desmandos administrativos, estancar a sangria da corrupção, se desfazer de ativos improdutivos, adotar uma nova filosofia de parceria com a iniciativa privada e focar na sua atividade principal, que é a exploração de petróleo.  

Carlos Bastos Abraham é Vice-Presidente da FNE

Fonte: noticia-um_1_de_maio_para_santa_catarina_esquecer-081231_01052015

Autor: Carlos Bastos Abraham