Os presidentes das centrais - Força Sindical, CUT, UGT, Nova Central, CGTB e CTB - anunciaram na manhã de segunda-feira (14), em São Paulo, a realização de mais uma grande atividade unitária na luta pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.
Será o “Dia Nacional de Lutas e Mobilizações pela Redução da Jornada de Trabalho sem Redução de Salários”, que marcará o dia 28 de maio com manifestações, atos públicos, passeatas, assembléias e paralisações em todo o Brasil pela aprovação da proposta de emenda à Constituição 393/01, dos senadores Paulo Paim (PT/RS) e Inácio Arruda (PCdoB/CE).
A jornada de luta terá o engajamento de sindicatos, federações e confederações de trabalhadores, que já estão colhendo assinaturas em todo o País para o abaixo-assinado que será enviado ao Congresso Nacional reivindicando a redução da jornada.
Com a presença de dirigentes sindicais de várias categorias, as centrais sindicais divulgaram um manifesto convocando os trabalhadores para se unirem em defesa da redução da jornada para 40 horas. “A luta é histórica e torna-se mais efetiva, com maiores possibilidades de vitória, quando travada nos momentos, como o atual, de crescimento da economia e dos salários, quando as empresas prosperam”, diz o texto.
Emprego e renda
Os sindicalistas enfatizam que a diminuição das horas de trabalho, “aliada à necessária redução da taxa de juros, será uma importante medida para a geração e distribuição democrática da renda e para o desenvolvimento do País”.
Segundo levantamento do Dieese, a jornada de 40 horas também abrirá espaço para a geração de mais de 2 milhões de empregos.
“Reduzir a jornada é um ato de solidariedade com os que estão desempregados, garante mais tempo livre para os trabalhadores dedicarem-se às famílias”, ressalta o manifesto, observando ainda que é “amplamente reconhecida a estreita relação da redução da jornada de trabalho com a diminuição dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais”.
5 milhões de assinaturas
A campanha nacional coordenada pelas centrais sindicais já conseguiu recolher 5 milhões de assinaturas a favor da proposta de emenda à Constituição (PEC) 393/01, dos senadores Paulo Paim (PT/RS) e Inácio Arruda (PCdoB/CE).
De acordo com o deputado Roberto Santiago (PV/SP), o ciclo virtuoso de crescimento porque passa o País traz consigo a obrigação cívica de incluir na economia os mais de dois milhões de brasileiros, de todas as idades e classes sociais, que todos os dias saem em busca de uma vaga no mercado de trabalho e voltam para casa ainda desempregados.
Crescimento
Segundo levantamento feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi) com base em dados fornecidos pelo IBGE, o ciclo virtuoso de crescimento começou em 2004 e está se acelerando.
No ano passado, informa o Iedi, a produção por trabalhador nas fábricas cresceu 4,2%, quase o dobro do avanço que ocorreu em 2006, que foi de 2,5%, o que garantiu a expansão de 6% na produção industrial do País.
Houve crescimento do emprego de 2,2% e de 1,8% nas horas pagas, o que fez gerar um aumento de 3,1% de aumento real no que a indústria gasta com mão-de-obra.
"É hora de incluir no sistema produtivo, com direito à remuneração digna, os trabalhadores e profissionais qualificados que foram vítimas das seguidas crises econômicas", afirma o deputado paulista.
Movimento sindical
Para o deputado, com o empenho dos sindicatos, da classe média e dos setores mais lúcidos da elite brasileira, concentrados em torno da defesa da redução da jornada, sem redução dos salários, o País poderá gerar mais 2,2 milhões de vagas.
A classe trabalhadora e os estratos médios da sociedade assumiram a vanguarda de modernização do País. É por isso que atuaram não apenas no processo de redemocratização, mas também na pressão aos seguidos governos para o controle da inflação, que só interessava aos especuladores.
CNBB
Na quarta-feira (16), as centrais se reunirão com a direção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para discutir o apoio da entidade à campanha pela redução da jornada de trabalho, sem diminuição de salário. “Queremos conversar se é possível levar a campanha para as igrejas, para que a comunidade se envolva mais na luta”, explica Juruna, presidente da Força Sindical, considerando que a redução da jornada resultará em ganho de qualidade de vida para o trabalhador e para a sociedade como um todo.
As centrais preparam um cronograma especial da campanha para a segunda quinzena de abril, tendo em vista que a coleta de assinaturas para o abaixo-assinado que será enviado ao Congresso Nacional termina no dia 1º de maio.
“Vamos pedir que as confederações, federações e sindicatos intensifiquem a luta. Já vamos entrar na reta final da campanha e precisamos mobilizar a sociedade”, diz Juruna. Na semana retrasada, as confederações de metalúrgicos da Força e da CUT firmaram uma aliança para trabalhar de forma unificada no setor, definindo um plano de ações conjunto.
Convenções OIT
As manifestações do dia 28 de maio também reforçarão a aprovação das mensagens presidenciais enviadas ao Congresso Nacional, pedindo a ratificação das Convenções 151 (negociações coletivas do funcionalismo) e 158 (proíbe a demissão imotivada) da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Leia o manifesto das centrais pela redução da jornada de 44 para 40 horas
Mais informações:
Artur Henrique, presidente da CUT - (11) 2108-9120
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical - (11) 9652-6649
Ricardo Patah, presidente da UGT - (11) 9490-9438
Antonio Neto, presidente da CGTB - (11) 3824-5602
José Calixto Ramos, presidente da Nova Central - (61) 9274.6621
Wagner Gomes, presidente da CTB - (11) 9433.3464
(Fontes: Diap, Dieese, ABr e Agência Sindical)