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A Rodada de Doha, após sete anos consumindo energia de 149 países, caiu. A expectativa é que novos temas que não faziam parte da agenda da Organização Mundial do Comércio (OMC) — com destaque para questões ambientais, sociais e trabalhistas — passarão a ser exigidos nas negociações.

Segundo fontes do governo, representantes do setor privado e analistas ouvidos pelos jornalistas Eliane Oliveira e Aguinaldo Novo, do jornal O Globo, essa previsão se aplica a uma possível retomada do diálogo entre Mercosul e União Européia (UE), mercado considerado o mais atraente pelo bloco sul-americano.

O nível de dificuldade é maior no caso dos americanos ao exigirem que, nos acordos bilaterais, os países aceitem regras em propriedade intelectual, investimentos e serviços.

Isso, na opinião da coordenadora da área de negociações internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Soraya Rosar, pode acontecer numa negociação entre os EUA e o Mercosul (o Brasil não negocia separadamente do bloco).

Para o jornal Liberazione, em artigo de Mônica de Sisto, reproduzido no Brasil pelo site Vermelho, o colapso em Doha foi uma repetição do que aconteceu em Seattle (EUA) em 1999 e em Cancun (México) em 2003, quando o acordo a rodada começou ser barrada e questionada por meio de protestos que se seguiram mundialmente.

“ Desta vez, porém, não foram os países africanos que saíram batendo a porta, como em Cancún, humilhados pela arrogância com que os Estados Unidos e a Europa minimizavam suas preocupações com uma crise alimentar e comercial já grave, espicaçada pela concorrência desleal dos EUA e da China quanto aos preços do algodão e outros produtos coloniais. Hoje quem abandonava a sala de imprensa eram os falcões de Washington, aqueles que desejavam dar, como derradeiro presente a Bush filho, a chave de ouro que faltara a Bush pai.”

“Fortalecidas por suas economias em ascensão, mas conscientes dos riscos de uma liberalização a todo custo, a Índia e a China opuseram um seco "não" à retórica e às habituais promessas de pragmatismo, colocando-se à frente de todos os países, entre os 153 membros da OMC, que entendiam ter mais a perder que a ganhar com o encerramento desse ciclo de negociações”. Entre esses países um dos protagonistas foi o Brasil.