Na primeira semana, quando os calouros dos mais diversos cursos, como as engenharias, começam a disciplina Cálculo 1, eles de imediato sentem o baque e se desesperam.
Nas aulas de português, o professor explica a diferença entre “porque” e “por que”, apresenta as regras de acentuação das palavras e ensina a construir frases com sujeito e predicado. Nas de matemática, os alunos aprendem a somar frações, desvendam a lógica da porcentagem e entendem a utilidade da regra de três.
Embora costumem ser destinadas a crianças e adolescentes do colégio, lições tão elementares quanto essas vêm sendo cada vez mais dadas dentro da universidade. A Agência Senado identificou instituições de ensino superior em todo o Brasil que oferecem aulas de recuperação aos calouros — também chamadas de reforço, revisão ou nivelamento.
A decisão é motivada pela má qualidade das escolas da educação básica, que em geral não conseguem dar aos alunos o conhecimento mínimo para o início de um curso de graduação.
De acordo com a professora Maria da Conceição Azevêdo, que coordena o nivelamento em língua portuguesa no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) na cidade de Bragança, a dificuldade entre os universitários novatos é generalizada:
— Muitos chegam aqui sem conseguir interpretar textos, inclusive enunciados curtos de exercícios, ou escrever de forma compreensível. Já encontrei alguns casos de estudantes analfabetos funcionais, que precisaram ser acompanhados muito de perto.
A UFPA também organiza cursos de recuperação em matemática, física e química.
O professor Ricardo Ruviaro, responsável na Universidade de Brasília (UnB) pelo nivelamento em matemática, conta que é na segunda semana de aula que a recuperação é apresentada aos novatos e iniciada:
— Na primeira semana, quando os calouros dos mais diversos cursos, como as engenharias, começam a disciplina Cálculo 1, eles de imediato sentem o baque e se desesperam. Entendem que não sairão do lugar por não saberem somar número inteiro, fazer divisão por zero, calcular raiz quadrada. Por isso, na segunda semana, quando oferecemos o nivelamento, eles já têm plena consciência do problema e se inscrevem em massa, sem pensar duas vez
Na foto acima, o professor Ricardo Ruviaro dá aula de matemática básica a estudantes da Universidade de Brasília (Ana Volpe/Agência Senado)
Leia reportagem completa de Ricardo Westin, na Agência Senado