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Ministro se diz admirador e defensor da qualidade e criatividade do engenheiro brasileiro e atribui declarações a um gap geracional causado pela falta de investimentos públicos após os anos 70



O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, precisou se retratar após a nota da FNE que condenou suas declarações desqualificando os engenheiros brasileiros.

A retratação foi encaminhada à FNE e publicada em site da Secretaria. Nela, o ministro atribui suas palavras à intenção de apontar o período recente na vida do país em que faltaram investimentos em infraestrutura. "Esta tragédia, além de tornar o Brasil altamente deficiente na garantia de uma logística moderna e econômica, desorganizou a engenharia nacional, na década de 70 uma das mais dinâmicas do mundo.", justifica o ministro.

Declaração infeliz

As críticas de Moreira Franco aos engenheiros foram feitas durante sua participação como palestrante convidado no Encontro Nacional de Editores da Coluna Esplanada, promovido na quinta-feira (31/10), organizado pelo jornalista Leandro Mazzini.

Ele respondeu a cobranças pelo atraso de obras em seis dos 12 aeroportos brasileiros, em capitais que receberão a Copa do Mundo, transferindo a culpa aos profissionais."Os atrasos não acontecem por falta de dinheiro ou de vontade, é por responsabilidade", disse ele. "Os projetos que pegamos para executar são muito ruins, e temos refazer todos eles", completou.

Na oportunidade, o ministro falou de "uma geração inteira de engenheiros nos anos 1970 e 1980 que saíram da faculdade direto para o mercado financeiro", deixando uma carência de profissionais qualificados. Segundo ele, os jovens não saem bem formados, o que obrigaria as empresas a enfrentar " uma dificuldade muito grande em suprir isso e fazem verdadeiros milagres".

Problema de gestão, não de engenharia

Ao tomar conhecimento das declarações, a FNE imediatamente emitiu uma nota pública, contestando as declarações do ministro e lamentando que "uma autoridade do governo federal, ao ser cobrada pelas tarefas sob sua alçada, em vez de prestar contas devidamente à sociedade, transfira a responsabilidade a técnicos que definitivamente já demonstraram sua capacidade".

Para a federação, trata-se de problema de gestão, não de engenharia. "Como os engenheiros brasileiros vêm alertando há anos, é fundamental que haja investimentos em projetos e que esses não sejam contratados simplesmente pelo menor preço, mas levando-se em conta a qualidade e optando-se pela melhor relação custo-benefício aos cofres públicos e à população.", aponta a nota.

Gap geracional, diz o ministro

Na retratação encaminhada à FNE, o ministro Moreira Franco diz que sempre foi "admirador e defensor da qualidade e criatividade do engenheiro brasileiro". Mas justifica suas palavras apontando um gap geracional que teria sido provocado pelo fechamento de grandes empresas de projetos a partir dos anos 70, além da migração das empreiteiras para outros setores devido à falta de investimentos,"e toda uma geração de jovens engenheiros, por falta de empregos, buscou o mercado financeiro para se realizar profissionalmente".

Para a FNE, apesar das duas décadas de estagnação que frearam investimentos e oportunidades de trabalho, a Engenharia Civil brasileira tem sido reconhecida no País e no exterior e é considerada do mais alto nível.

Em sua nota pública, a FNE destaca que já mantém acordo de cooperação com o Ministério do Esporte para acompanhamento das obras de infraestrutura previstas para a Copa 2014, e coloca-se à disposição para colaborar também na avaliação dos projetos dos aeroportos brasileiros. "Certamente, não será por falta de bons engenheiros que o País será penalizado", conclui a federação.

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