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Coronel reformado admite que o Exército forjou cena para justificar o desaparecimento do engenheiro e ex-deputado, morto sob tortura


O depoimento de um coronel reformado do Exército à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro muda a versão de mais uma das histórias inconsistentes da ditadura militar: o desaparecimento do engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva. Testemunho prestado por Raymundo Ronaldo de Campos ao colegiado, em novembro do ano passado, conta que o Exército armou um “cineminha” para despistar a família e os amigos do parlamentar.


Cassado logo após o golpe militar de 1964, em 20 de janeiro de 1971, o ex-deputado foi tirado de casa por homens armados e levado para a carceragem do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI-I), na Tijuca. De acordo com a versão sustentada pelo Exército por 43 anos, Paiva teria fugido após uma operação de resgate promovida por aliados políticos.


Os militares contaram que, em 22 de janeiro de 1971, um capitão (Raymundo de Campos) e dois sargentos levaram o parlamentar em um fusca para fazer o reconhecimento de uma casa. Ao chegarem no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, o veículo teria sido fechado e outros dois carros, com cerca de oito guerrilheiros teriam atacado e incendiado o fusca. Rubens Paiva teria sido resgatado em meio ao tiroteio.


De acordo com o depoimento do coronel, tudo foi encenação. “A ordem do major (Francisco Demiurgo Cardoso, já falecido) do quartel foi esta: 'Olha, você vai pegar o carro, levar em um ponto bem distante daqui, vai tocar fogo no carro para dizer que o carro foi interceptado por terroristas e vem para cá”, afirmou Campos ao colegiado. O militar contou que a cena foi armada para “justificar o desaparecimento de um prisioneiro”, mas afirma que não sabia de quem se tratava, só que a pessoa que deveria estar no carro morreu durante interrogatório.

 

Alívio
A filha do ex-deputado, Vera Paiva, considera que a confirmação de que o pai foi morto e torturado pelos militares foi um alívio para toda a família. O fim de um desgaste que durou mais de 40 anos. Em entrevista coletiva, ela fez um apelo para que os militares que tenham arquivos e documentos que possam revelar o passado do país os disponibilizem.

Fonte: noticia-a_farsa_do_caso_rubens_paiva-115009_07022014

Autor: Correio Braziliense

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