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  • Ausência de uma estratégia nacional para desenvolver infraestrutura de redes é um dos principais desafios para o crescimento do uso da internet no Brasil

Apesar de o Brasil já ter alcançado posições de destaque no cenário internacional com relação à utilização da internet, com iniciativas como a formação do Comitê Gestor de Internet, nos primórdios do uso da internet comercial no Brasil, a situação do país hoje em termos de infraestrutura de rede deixa muito a desejar. A afirmação é de Peter Knight, pesquisador e membro do Conselho de Administração do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e autor de “A Internet no Brasil – Origens, Estratégia, Desenvolvimento e Governança”. Knight é um dos palestrantes do painel “Infraestruturas de redes de pesquisa e educação para as próximas décadas”, que aconteceu ontem (19/5), em Vitória (ES), na 16ª edição do WRNP, workshop voltado para a comunidade de pesquisa em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

Promovido desde 1999, o WRNP tem como objetivo aproximar o público dos avanços tecnológicos e dos principais tópicos em discussão na área de pesquisa e desenvolvimento de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), dentro e fora do Brasil. Segurança e monitoramento de redes, integração de tecnologias de computação em nuvem, gestão de identidade, videocolaboração, experimentação remota e novas formas de autoria para ensino e pesquisa são alguns dos assuntos que integram a programação.

Segundo o economista e consultor em infraestrutura de redes Peter Knight, que iniciou uma aproximação com a economia brasileira em 1967, quando veio para o Brasil fazer doutorado, os grandes desafios para o mercado nacional em termos de infraestrutura de telecomunicações estão concentrados em alguns gargalos, que envolvem atuação política. Para o pesquisador, uma das soluções no cenário brasileiro seria uma estratégia para viabilizar parcerias público-privadas.

“Verificamos uma ausência de estratégia nacional até agora, apesar de algumas promessas do Governo do Federal para o uso da Banda Larga de fato. Até 2018, não enxergo evidências de que isso possa ser feito. Por outro lado, vejo uma grande possibilidade de avançar se houver um empenho em realizar parcerias público-privadas para interiorizar a estrutura de rede”, comenta.

De acordo com Knight, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) faz um trabalho exemplar no Brasil e que precisa ser valorizado. “As lições da RNP devem ser consideradas, pois o caminho é a parceria. Isso seria fundamental até para a grande estratégia nacional de infraestrutura de redes. No Peru e no Chile, há iniciativas em que há um incentivo para quem assume serviços que, teoricamente, não seriam tão rentáveis. Além disso temos um problema enorme no Brasil com uma tributação exorbitante nos serviços de telecomunicações. Um imposto que poderia ser revertido para melhoria da infraestrutura, mas infelizmente, parece que isso não acontece”, detalha.

Perda da liderança

O pesquisador lembra que o Brasil teve iniciativas pioneiras com relação à utilização da internet, como a própria constituição do Comitê Gestor de Internet, que foi criado em 1995, com uma organização com representantes de diversos segmentos da sociedade interessados no desenvolvimento do uso da internet no País. Para Knight, sem dúvida um modelo a ser seguido no mundo.

“Houve um momento em que o Brasil esteve na liderança, agora estamos bem atrás. O Programa Nacional de Banda Larga recebeu muito pouco recurso do Governo Federal. No nível dos governos estaduais, verificamos um progresso muito maior do que no nível Federal. Temos muito problemas com relação à inclusão digital, velocidade, qualidade e um custo altíssimo, mesmo nas regiões mais desenvolvidas”, afirma.

O pesquisador pontua ainda que a Telebrás só conseguiu estender sua rede fazendo parcerias com as empresas elétricas e algumas empresas como a Petrobras. Porém, sem recursos para investir e dar mais capilaridade. “Há um potencial enorme para o futuro com a colaboração da RNP.  Precisamos dar mais importância às redes metropolitanas e às parcerias com estados, municípios e iniciativa privada”.

Exemplos que vêm do Norte e Nordeste

Na visão de Knight, o estado do Pará é um exemplo a ser seguido, como o projeto “Navegapará”, que tem parceria com a Eletronorte. “São mais de três mil quilômetros de fibra em que houve investimento do governo estadual, que agora aluga a infraestrutura. O Pará tem quatro anéis de fibra, além da rede de Belém, criada em 2007. O Ceará também tem uma estrutura semelhante”, detalha.

Segundo o pesquisador, quem está mostrando ao País o uso estratégico de infraestrutura de redes são as regiões Norte e Nordeste.

“Há um projeto da RNP para interiorização, mas precisa de muitas parcerias. O Estado poderia complementar isso, seriam permutas, aluguel de fibras. Em um momento de recursos públicos escassos, é importante ter uma estratégia de parcerias público-privadas, a chave é a economia em escala”, completa.

Workshop debate segurança e monitoramento de redes

Na pauta da 16ª edição do WRNP, também estiveram grandes temas como segurança e monitoramento de redes, integração de tecnologias de computação em nuvem, gestão de identidade, videocolaboração, experimentação remota e novas formas de autoria para ensino e pesquisa. Outros destaques são a colaboração internacional entre o Brasil e os Estados Unidos por Redes Definidas por Software (SDN, na sigla em inglês), a interiorização da infraestrutura de redes no país e os desafios das áreas de pesquisa e educação para as próximas décadas.

O WRNP está sendo realizado no Centro de Convenções Vitória, junto ao 33º Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (SBRC).

Mais informações no site do evento http://wrnp.rnp.br/

Fonte: noticia-ausencia_de_uma_estrategia_nacional_para_desenvolver_infraestrutura_de_redes_e_um_dos_principais_desafios_para_o_crescimento_do_uso_da_internet_no_brasil-232032_20052015

Autor: Suzana Liskauskas/Jornal da Ciência

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