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A grande polêmica do I Encontro de Meio Ambiente de São Paulo ficou reservada para o tema “Agricultura e meio ambiente”, tratado na manhã de 9 de novembro pelo professor e pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Mohamed Habib. Na palestra, mereceu destaque a questão das plantas geneticamente modificadas, consideradas preocupantes para o pesquisador. “Reconhece-se o valor da pesquisa, que é positiva, mas quanto à aplicação dessa tecnologia é preciso avaliar melhor”, afirmou.

Segundo Habib, para ser sustentável, o transgênico deveria atender a sete exigências: tecnicamente aplicável, legalmente regulado, economicamente vantajoso, biologicamente seguro, moral e eticamente aceitável, socialmente benéfico e ambientalmente seguro. “Apenas as duas primeiras são respeitadas”, observou ele. Além disso, afirmou o professor, a Lei de Biossegurança, embora exista, ainda deixa a desejar. “Deveria haver uma legislação para pesquisa e outra para a aplicação e finalmente serem separadas as regras para transgenia agronômica e médica”, apontou. Para piorar, na opinião de Habib, sequer as normas estabelecidas são obedecidas, tendo em vista que já teria sido plantado algodão geneticamente modificado no Brasil sem que isso seja permitido.

O princípio da precaução com relação aos transgênicos foi também defendidos pela pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecurária), Deise Maria Fontana Capalbo, e pelo professor da Unicamp, José Maria Gusman Ferraz. Para ambos, é preciso que seja feita a análise de risco da aplicação da biotecnologia, que é um conhecimento novo. De acordo com Ferraz, os estudos feitos até agora não descartam a possibilidade de haver efeitos sobre a saúde humana e animal causados pelos alimentos assim produzidos. Por isso mesmo e tendo em vista que 90% dos alimentos processados à venda hoje no mercado possuem ingredientes transgênicos, ele defendeu a correta identificação e rotulagens desses produtos.

A defesa dos geneticamente modificados ficou para o biólogo e professor da USP (Universidade de São Paulo), Crodowaldo Pavan. Radicalmente favorável ao uso da tecnologia como forma de garantir a produção de alimentos necessários à humanidade que se multiplica, ele aposta na sua segurança. “Não se pode imaginar que fazer transgênico é construir bomba atômica. Sabe-se mais o que acontece nesse processo que no melhoramento tradicional. Ao invés de perigosa, a tecnologia é ideal”, asseverou.

Para Pavan, o grande problema reside no patenteamento de sementes por grandes empresas multinacionais, o que comprometerá o acesso das pessoas aos alimentos. “É incompreensível, é um absurdo de lógica que se possa ter patente de alimentos e remédios”, criticou.

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Autor: Beatriz Arruda

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