Esta é a iíntegra na Nota Oficial:
A FNE lançou com êxito e desenvolveu em todo o País a campanha "Cresce Brasil+Engenharia+Desenvolvimento", exigindo crescimento econômico com distribuição de renda, sustentabilidade, respeito à natureza e qualificação profissional.
A política de juros altos que vem sendo praticada pelo Banco Central, e deve ser alterada, colide frontalmente com o "Cresce Brasil". Portanto, a FNE e os sindicatos filiados, que não abrem mão do desenvolvimento nacional, manifestam-se com veemência contra o desastrado aumento da taxa básica em 0,75%, fazendo com que os juros atinjam 13%. Isso agride o crescimento da economia, dificulta os investimentos produtivos, penaliza os trabalhadores e o consumo popular.
Em conjunto com a mais ampla expressão unitária de todo o movimento sindical brasileiro, contra os juros altos, contra a inflação, pelo desenvolvimento e pelos ganhos salariais, a FNE e os sindicatos filiados insistem na necessidade de políticas econômicas capazes de garantir emprego, qualificação profissional e condições dignas de vida para todo o povo brasileiro. (FNE, São Paulo, 24 de Julho de 2008)
Centrais protestam
Redução dos juros, afastamento do presidente do BC, mudanças na política econômica e mais participação da sociedade nas decisões do Copom foram as principais reivindicações das manifestações realizadas nos dois últimos dias, com participação de centrais sindicais e movimentos da sociedade civil.. São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza foram palcos dos protestos realizados entre terça e quarta em frente às sedes do Banco Central.
Segundo as entidades, o argumento de que é necessário elevar os juros para manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) reduz o crescimento da economia e da geração de empregos, beneficiando apenas a especulação. “O Brasil continua sendo o paraíso dos banqueiros”, disse João Batista Lemos, secretário de relações internacionais da CTB na abertura do ato na Avenida Paulista.
Para as lideranças, a melhor maneira de reduzir os níveis da inflação seria o investimento no setor produtivo. “Tivemos um aumento de 34% na geração de empregos em função da redução de juros. Juros altos entram em contradição com essa tendência. O problema é que tem tucano empilhado no BC. O Meirelles é banqueiro e vem investindo na especulação em oposição à produção. Por isso, dizemos: fora Meirelles”, explicou Aparecido Dias Morais, da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).
"Se for preciso, faremos uma marcha à Brasília para exigir a saída de Henrique Meirelles da presidência do BC e a redução dos juros”, afirmou o presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes.
“Nas campanhas salariais, o argumento de que aumentos causam inflação vai aparecer. Os juros elevados destroem empregos e afetam os salários”, afirmou João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força.
“Já há algum tempo a central promove uma campanha por pleno emprego, inclusive encaminhamos um Projeto de Lei de iniciativa popular sobre o tema ao Congresso Nacional. Agora, só com taxas razoáveis de juros é que essa proposta poderá de fato se tornar uma realidade. Para gerar empregos é preciso reduzir os juros”, disse Luís Gonçalves (Luisinho), da NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores).
Motivos não faltam para que centrais percam o sono com a alta dos juros. Segundo os números divulgados neste ano pelo Tesouro Nacional, somente de janeiro a abril, o governo deixou de investir R$ 48 bilhões para o pagamento de juros da dívida pública – o equivalente a 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse dinheiro poderia ser investido em benefício da população.
No final do dia, apesar da gritaria, a reunião do Copom anunciou mais um aumento dos juros, porém, a elevação surpreendeu até o mercado financeiro. A taxa Selic (taxa básica de juros) subiu para 13% ao ano – um aumento de 0,75 p.p. (ponto percentual) com relação à taxa até então vigente (de 12,25%). A elevação foi a mais alta desde fevereiro de 2003 (quando passou de 25,5% para 26,5%).
Durante as manifestações, as lideranças comemoraram o aumento da adesão à campanha “menos juros, mais desenvolvimento” da Coordenação dos Movimentos Sociais. A unidades das cinco centrais – CTB, Força Sindical, NCST, UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CGTB – em torno da campanha também foi festejada.
A CUT não participou mas emitiu nota destacando que “as altas taxas básicas de juros são contrárias aos interesses da classe trabalhadora”, porque o aumento não tem efeito sobre o combate à inflação e que servirá para penalizar ainda mais os assalariados. “Contra a inflação, defendemos menos especulação, menos juros e mais produção”
“A pressão inflacionária sobre os alimentos, que penaliza muito mais os assalariados, deve ser combatida com o fortalecimento do apoio à agricultura familiar, por meio da ampliação da oferta e dos prazos do crédito, garantia de preços mínimos e de assistência técnica, entre outras medidas. Outra frente de combate deve se dar sobre setores que especulam, seja por intermédio de contenção de estoques ou de elevação de preços chamada de 'preventiva', que nada mais é que apostar em inflação futura”, defende o presidente nacional da CUT, Artur Henrique.
“Com o objetivo explícito de desacelerar a economia, essa política comprime nosso potencial e atenta contra a manutenção do ciclo de crescimento sustentado. Atrapalha, inclusive, a ampliação da oferta de alimentos e pouca eficácia tem contra a pressão inflacionária sobre o setor, já que as principais causas vêm do mercado externo”, assinala a CUT.
Também por meio de nota, a Força Sindical manifesta repúdio ao aumento, classificando-o de “cavalar”. “A medida é impopular porque de imediato vai dificultar a campanha salarial de cerca de 3,5 milhões de trabalhadores que já estão negociando reposição das perdas e aumento real de salário com os patrões. Ao mesmo tempo dificulta o investimento das empresas na produção."
Para a Força Sindical, se o governo quer combater a inflação tem de incentivar o aumento da produção de alimentos e reduzir os impostos dos produtos da cesta básica. (Com dados do Vermelho, Agência Brasil e Centrais Sindicais)