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Cresce Brasil

De acordo com o economista Paulo Gala, professor da Fundação Getulio Vargas, durante os próximos anos os países precisam se livrar da dependência das commodities e se consolidar como produtores de manufaturas para não ficar tão suscetíveis aos abalos da economia como hoje.

“As commodities têm preços muito instáveis. Sobem no momento de crescimento e caem muito na crise”, disse ele, ontem (13), à Agência Brasil. “Como a economia dos países latino-americanos depende da exportação desses produtos, eles ficam muito vulneráveis às crises.”

Gala é um dos organizadores do primeiro Programa Avançado Latino-Americano para o Repensamento do Macro-desenvolvimento Econômico (Laporde, na sigla em inglês). O evento, que começou ontem, faz parte do calendário oficial da Universidade de Cambridge e está sendo realizado na sede da FGV em São Paulo. Nele, economistas de várias partes do mundo debaterão até sexta-feira a crise global e seus efeitos, principalmente sobre países em desenvolvimento.

Para Gala, o atual momento da economia mundial representa uma ameaça a população mais pobre dos países latinos justamente por essa dependência das commodities, como petróleo, soja, minério de ferro etc. Segundo ele, muitas das políticas sociais responsáveis pela melhoria da qualidade vida dessas pessoas foram financiadas com ganhos obtidos com a venda desses produtos. Com o mundo em recessão e os preços em queda, a continuidade desses programas está em risco.

O economista, entretanto, fez uma ressalva em relação ao Brasil. Gala afirmou que o país está entre os mais bem preparados para enfrentar o mau momento da economia, pois iniciou, apoiado em políticas públicas, a diversificação da sua indústria há 50 anos.

“O Brasil é um dos poucos emergentes que tem um banco de investimento como o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], com recursos de R$ 100 bilhões”, complementou o professor. “Também é um dos poucos que tem uma Petrobras.”

Na opinião dele, os dois principais problemas do país são a taxa de câmbio não-competivida e a alta taxa básica de juros da economia. Porém, pelo menos no que diz respeito à Selic, ele afirmou que o problema está prestes a ser resolvido.

“A Selic vai entrar em uma forte trajetória queda neste ano”, previu. “Em três meses, vamos ter a mais baixa taxa de juros dos últimos 20 anos.”

(Vinicius Konchinski/ABr)

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