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Um estudo inovador no Brasil promete melhorar o diagnóstico de lesões ósseas humanas, bem como auxiliar na prevenção da osteoporose - doença que causa microfissuras e, consequentemente, fragilidade da resistência dos ossos (que em casos graves podem se quebrar)

Segundo dados do Ministério da Saúde, a osteoporose afeta em torno de oito milhões de pessoas acima de 55 anos no país, quantidade maior do que a população da Bélgica, por exemplo.

O trabalho, fruto da tese de doutorado na Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) da pesquisadora Inayá Corrêa Barbosa Lima, consiste em empregar a microtomografia em 3D, combinada à microfluorescência de raios X obtida pelo bombardeamento de luz síncrotron - uma intensa radiação eletromagnética produzida por elétrons de alta energia de um acelerador de partículas.

Os resultados preliminares são extremamente animadores em comparação ao exame tradicional - a densitometria óssea - usado para diagnosticar a doença. No primeiro caso, é possível verificar a concentração de minerais nos ossos e, no segundo, o grau de detalhamento da imagem é um milhão de vezes maior.

Sob orientação de Ricardo Tadeu Lopes, Inayá Lima desenvolveu, com apoio da Faperj, um projeto bem mais amplo e que consiste em analisar a contaminação e impurezas do solo, e outras estruturas porosas como órgãos humanos, cerâmicas industriais, implantes ósseos e, obviamente, os ossos. Em se tratando especificamente das ossadas, outra vantagem encontrada no estudo é a utilização de processos não-destrutivos.

"No caso do método tradicional, para realizarmos a biopsia de um osso necessitamos extrair um pedaço dele e depois destruí-lo. Se, mais para a frente, o médico precisar de outro exame, será necessário outro pedaço de osso. Com a utilização da microtomografia e/ou da microfluorescência não há destruição da ossada, o que possibilita que futuramente outros exames sejam feitos", explica Inayá.

Inayá Lima destaca ainda que o fato do processo ser mais detalhado e não-destrutivo pode auxiliar bastante a prevenção e o tratamento de lesões comuns na medicina esportiva. A velocidade do uso compartilhado dos dois métodos utilizados por Inayá Lima em comparação à tradicional densitometria também é outro ponto.

"O resultado da microfluorescência pode ser obtido em três horas e a microtomografia leva dois minutos. Já o resultado do exame tradicional leva um mínimo de três dias e, em certos casos, uma semana", acrescenta.

Os estudos foram possíveis graças à parceria com o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), instituição de pesquisa ligada ao Ministério da C&T e situada em Campinas, São Paulo, e única no país a possuir a fonte de luz síncrotron, utilizada em suas análises.

"Vale destacar também que, pela primeira vez realizamos uma análise mineral das ossadas com osteoporose no país. Com o resultado obtido, observamos uma concentração bastante heterogênea de cálcio, estrôncio e zinco nestes ossos. Esta constatação é de enorme importância para o desenvolvimento de tratamentos, prevenção e desenvolvimento de novas drogas e medicamentos futuros contra a doença", explica.

Outra questão observada durante a pesquisa foi ao analisar estruturas ósseas de ratos com hipertireoidismo - que é quando a glândula da tireóide produz hormônio tireoideano em excesso, causando sintomas como ansiedade, cansaço, insônia, tremores, sudação, falta de fôlego, dificuldade de enxergar e diminuição de peso. "No caso dos roedores, observamos na análise mineral de suas ossadas que elas apresentavam uma concentração menor de cálcio e zinco, deficiência que pode evoluir para um quadro de osteoporose", afirma a pesquisadora.

Inayá Lima conta que, agora, em sua tese de pós-doutorado, ela pretende ampliar e aprimorar os aspectos observados anteriormente. "Além de manter a parceria com o LNLS, já temos um contato para firmar outro convênio, desta vez com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) para nos fornecer ossadas humanas, uma vez que elas são, infelizmente, tão difíceis de encontrar junto às instituições de ensino e pesquisa e hospitais universitários. Desta forma, poderemos, por exemplo, verificar se, assim como no caso dos ratos, a evolução do hipertireoidismo em seres humanos também pode evoluir para uma osteoporose", explica.

"Um aspecto novo em meu pós-doutorado é que iremos observar como as novas drogas usadas para tratamento de osteoporose - como a tibilona e o ranalato de estrôncio - podem afetar ou não a concentração de minerais nos ossos e também em órgãos humanos", conclui Inayá.

(Com informações da Assessoria de Comunicação da Faperj)

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