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A Embraer, quarta maior fabricante de aviões do mundo, anunciou ontem a demissão de cerca de 4.200 funcionários no Brasil, nos EUA, na França e em Cingapura. A maioria dos desligamentos aconteceu no Brasil, sede das fábricas da empresa, onde trabalhavam aproximadamente 18 mil pessoas.

Em nota, a Embraer alegou que os cortes acontecem "em decorrência da crise sem precedentes que afeta a economia global, em particular o setor de transporte aéreo" e que são necessárias para adequar seus custos e efetivo "à nova realidade de demanda por aeronaves comerciais e executivas".

A redução de funcionários representa cerca de 20% de um total de 21.362 trabalhadores atuando nesses países. A empresa não informou quantos empregados foram demitidos no Brasil, onde possui unidades em São José dos Campos, Botucatu, Gavião Peixoto e Taubaté, todas no interior paulista.

O corte atinge trabalhadores do setores operacional e administrativo e inclui a eliminação de um nível hierárquico de sua estrutura gerencial. O corte deve provocar efeito em cascata, principalmente na região do Vale do Paraíba, onde estão instaladas fornecedoras e parceiras da Embraer, que podem demitir nos próximos dias.

A Embraer aponta também que, apesar de estar sediada no Brasil, onde os efeitos da crise são menos intensos, depende "fundamentalmente" das vendas para o exterior, principalmente EUA e Europa, mais afetados pela crise global. Segundo a Embraer, 90% de suas receitas têm origem em vendas no exterior, portanto, diz, não se beneficia da "resiliência que o mercado doméstico brasileiro vem demonstrando".

A Embraer afirmou ainda que reviu a sua estimativa de entrega de aeronaves para 2009, de 270 para 242 unidades (o que ainda será o recorde de entregas da empresa). A empresa também prevê queda na receita no ano, para US$ 5,5 bilhões, ante os US$ 6,3 bilhões anteriores. Já o investimento deve cair de US$ 450 milhões para US$ 350 milhões.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, onde está a sede e principal fábrica da Embraer, com cerca de 14 mil funcionários, classificou de "vergonhoso" e "injusto" o corte em massa feito pela empresa. Segundo os sindicalistas, a Embraer não buscou nenhum tipo de negociação para evitá-lo, como ocorre em outras empresas.

"Foi uma grande injustiça. Tentamos de todas as maneiras chamar a direção da Embraer para conversar nos últimos meses porque há tempos ouvimos os boatos de que isso [as demissões] iria acontecer, mas nunca fomos atendidos. Faltou respeito pelos trabalhadores", disse o diretor do sindicato e funcionário da empresa há 20 anos Valmir Diniz Ferreira, 42.

Para ele, a Embraer tinha opções para aliviar a pressão da crise, como a concessão de férias coletivas ou licença remunerada para os funcionários, além da redução de jornada de trabalho. "Os funcionários estão pagando pela crise e para que seja mantido o lucro dos acionistas da empresa."

O sindicato disse que faria uma reunião na noite de ontem para decidir se entraria com uma ação na Justiça para tentar reverter as demissões. E que também estudava chamar o governo federal a intervir, já que as ações que detém da Embraer lhe dão direito de veto em decisões tomadas pela direção.

No início de janeiro, a empresa anunciou que sua carteira de pedidos firmes (aviões encomendados e ainda não entregues) sofreu o primeiro recuo em dois anos. No terceiro trimestre de 2008, ela registrou seu primeiro prejuízo liquido em 11 anos, de R$ 48,4 milhões.

(Folha Online, 20/02/09)

Autor: Lalo de Almeida/Folha Imagem

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