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Cresce Brasil

O Brasil precisa de mais engenheiros. É o que afirmou José Roberto Castilho Piqueira, Vice-diretor da Escola Politécnica da USP, durante sua apresentação no Fórum de Debates Brasilianas.org, que ocorreu na última semana, em São Paulo. Segundo ele, o Brasil tem 2,48 engenheiros para cada 100 mil habitantes. No Japão a diferença é de 17 para cada 100 mil, já na China e nos Estados Unidos são 13,8 e 9,5 para cada 100 mil habitantes, respectivamente.

Mas, por que os jovens não querem fazer engenharia no país? Dentre as principais respostas para essa questão, está a baixíssima capacidade dos cursos de ensino médio e fundamental de ensinar matemática, física e química e também o número exagerado de denominações das carreiras ligadas a área de engenharia. Piqueira diz que, em 1998, existiam 32 denominações ligadas à profissão, hoje são 50 modalidades.

"Acho que se a gente não reformular o sistema de denominações de maneira correta, de maneira precisa, sem excessos e monte de nomes, ficaremos meio sem saber o que fazer. Por isso que os jovens não se interessam pelo curso", observou o vice-diretor da Poli-USP.

Francisco Kurimori, Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia/CREA de São Paulo, completou que hoje a instituição que dirige possui o registro de mais de 300 tipos profissionais. Ele destacou que esse é um problema ligado ao modelo de formação no país. "A sociedade tem que discutir esse tema, pois essa é uma das poucas profissões que já nascem especializadas. Ou seja, o jovem já entra no curso de engenharia mecatrônica, ou engenharia civil etc. Não estuda a engenharia em si para depois se especializa".

Para Kurimori é preponderante para o país que as falhas na educação dos ensinos básico e fundamental em relação a matemática, física e química - matérias básicas no estudo de engenharia - sejam corrigidas. Isso porque as dificuldades nessas matérias impactam profundamente na escolha da carreira de jovens universitários.

Ele acrescentou, ainda, que, quando se formou em 1973 a faculdade de engenharia era feita em 6.600 horas. Hoje os cursos são concluídos em 3.600 horas. "Não cabe ao CREA estabelecer os currículos nas faculdades, mas ao Ministério da Educação. O problema é que, por conta do aumento da demanda e necessidade do mercado, o poder público optou por ações que aumentam a quantidade de pessoal formado, mas em detrimento da qualidade", completou.

O vice-diretor da Poli-USP, José Piqueira, apontou que hoje existem 140 mil vagas nas universidades de engenharia. Por ano ingressam 82 mil candidatos e 290 mil alunos se encontra hoje nas salas de aula, desse total, 59 mil são mulheres. Por outro lado, apenas 30 mil se formam todos os anos, enquanto o mercado abre vagas para 50 mil, também no período de um ano. "O déficit de engenheiros, portanto, é crescente no país", pontuou.

Francisco Kurimori, Presidente do CREA de São Paulo

Engenharia é termômetro de desenvolvimento

O presidente do CREA-SP destacou que, até meados da década de 1970, ser engenheiro era sinônimo de quem ganhava bem. "Mas daí veio a crise econômica do país, no final da década de 1970 e durante a década de 1980, foi quando ser engenheiro passou a ser sinônimo de desempregado. Isso porque engenheiros são executores de investimentos, ligados às áreas de produção. Quando o país está recebendo muito investimento, a profissão fica em alta".

Hoje a carreira vive uma situação exatamente inversa. O CREA de São Paulo recebeu, recentemente, do Ministério do Trabalho, uma lista de nomes e currículos de estrangeiros pedindo vistos para trabalharem no país, isso porque muitas empresas com projetos no Brasil não encontram mão de obra qualificada nas áreas de engenharia e estão contratando profissionais de fora.

"Essa é uma outra questão que temos que refletir e analisar. Quais são os limites desse ingresso de profissionais e empresas estrangeiras no Brasil?", perguntou Kurimori.

No estudo A formação de engenheiros no Brasil o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) destaca que 36% dos indivíduos que trabalham em pesquisa e desenvolvimento nos Estados Unidos são engenheiros, indicando, em termos quantitativos, a importância desses profissionais para as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Curva de crescimento de cursos de engenharia no Brasil, de 1930 até 2006. Por volta dos anos 1978 e 1980 a curva se rebaixa. Esse movimento, segundo Piqueira, está relacionado com o desprestígio da carreira de engenharia naquele momento, devido a crise econômica interna.

*Para acessar a apresentação de José Piqueira, Vice-diretor da Escola Politécnica da USP, clique aqui.

Fonte: Advivo

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