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Cresce Brasil

Saiu no jornal britânico The Guardian e repercutiu no jornal brasileiro O Estado de S. Paulo o alerta do grupo preservacionista Conservação Internacional (CI) de que a Amazônia corre risco de sofrer danos sem precedentes em decorrência de um ambicioso projeto para melhorar a infra-estrutura de transportes, comunicações e energia na região. Trata-se da Iniciativa para Integração da Infra-Estrutura Regional da América do Sul, com com projetos financiados por vários governos.

A ong aponta que as obras para o transporte rodoviário e fluvial combinadas à construção de barragens e à instalação de um extenso cabeamento para transmissão de energia elétrica e para comunicações foram projetadas para fomentar elos comerciais entre dez pólos econômicos no continente, mas abrirão trechos antes inacessíveis da floresta tropical, elevando risco de um desmatamento generalizado. A perspectiva mais pessimista da CI é de perda da floresta em 40 anos.

O pesquisador Tim Killeen, da CI, analisou os projetos e concluiu que o impacto isolado de cada obra sobre o ambiente foi bem avaliado, mas o do conjunto das obras não foi devidamente considerado. Parte das melhorias planejadas envolverá rodovias dos Andes, atravessando o Rio Amazonas e o cerrado, ligando o Pacífico ao Atlântico.

Vigilância da FNE

Preocupada, de um lado, com a necessidade de investimentos em infra-estrutrura para integração regional do continente e, de outro, com a preservação da floresta amazônica e seus recursos, a FNE promoveu, em agosto de 2007, juntamente com a ONG Engenheiros Solidários, o I Fórum Internacional de Desenvolvimento Sustentável, iniciado dia 7 na cidade de Manaus e encerrado nove dias depois na cidade de Cuzco, no Perú.

Grande parte desse econtro, que têve a participação de engenheiros de 17 estados do Brasil e de países da região amazônica, foi dedicada a fazer viagens de vistoria técnica a duas estradas destinadas a integração regional, observando especialmente seu impacto sobre o meio ambiente. A primeira foi feita de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, pela BR-364, que resultou em uma moção de apoio ao governo acreano pela responsabilidade social e ambiental com que as obras vem sendo realizadas. A seguinte foi em direção a Cuzco, pela Estrada o Pacífico Transoceânica. As duas estradas são priorizadas no “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – lançado pela FNE –, e constam dos financiamentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), por sua importância para a integração regional.

A cobrança de uma avaliação integrada

A ong CI conclama os governos da região amazônica a analisar o o impacto total dos investimentos, particularmente no contexto de mudança climática e mercados globais. Se isto falhar, segundo Killen, se produzirá " uma combinação de forças que poderá levar a uma tempestade perfeita de destruição ambiental”

A proposta da ong é que os governos se comprometam em reduzir o desmatamento em 5% ao ano durante três décadas. Com esta medida, a floresta estaria salva e iria, potencialmente, qualificar-se como forma de redução das emissões de gases de efeito estufa e gerar mais de R$ 11 bilhões ao ano. Killen também sugere que a plantação de cana-de-açúcar para geração de biocombustível seja feita nos 65 milhões de hectares de terra que já foram desmatados na região.

Autor: Rita Casaro

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