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Recursos hídricos, esse foi o tema que abriu as plenárias da II EcoSão Paulo, nesta quinta-feira (6), às 9h, com as exposições dos engenheiros Lourdes Cristina Pena Peloggia (Águas Subterrâneas), da Quimbiol (empresa especializada em serviços ambientais e operações industriais); Martha Faria Bernils Maganha (Produção mais Limpa: Uso racional da água), da Cetesb; e Ubirajara Tannuri Felix (Programa Água Limpa), superintendente do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Os expositores ressaltaram a importância de se adotarem medidas e alternativas que preservem as águas subterrâneas (aqüíferos) e superficiais. “Quando o pescador não tem mais vontade de pescar no rio é porque estamos muito mal”, observou o superintendente do DAEE.

Peloggia iniciou sua palestra falando da origem da palavra “aqüífero”. “É derivada do latim e quer dizer 'carregar água’”. E esse recurso, advertiu, está, no momento, vulnerável. “Precisamos da ajuda dos geólogos, dos engenheiros para preservar esse lençol freático. E também para descobrir muitas outras coisas sobre ele”.

A engenheira da Quimbiol falou sobre os vários tipos de aqüífero quanto à geometria, os livres, cujo topo é demarcado pelo nível freático, “é aquele que a gente consegue ver”. O suspenso, que é o acúmulo de água sobre aqüitardes na zona insaturada. E o confinado, aqüíferos que estão em unidades pouco permeáveis.

Como a informação sobre esse tipo de exploração de água ainda é difícil, também o seu controle e fiscalização acabam sendo deficitários. “Se fazemos um poço em casa, pergunto: em qual aqüífero estou fazendo?”, perguntou Lourdes Cristina Pena Peloggia, para quem a situação precisa ser revertida para evitar impactos, como: a superexploração de aqüífero que ultrapassa a reserva reguladora ou ativa, iniciando um processo de rebaixamento do seu nível potenciométrico; e indução de água contaminada, causada pelo deslocamento da pluma de poluição pelos locais de aqüíferos.

Na segunda exposição do dia, a engenheira da Cetesb, Martha Faria Bernils Maganha, apresentou o conceito do “P+L” (produção mais limpa): “estratégia técnica, econômica e ambiental integrada aos processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, evitando prejuízos à saúde e econômicos também”.

Ela argumenta que o conceito “P+L”, que também deveria ser aplicável “nas nossas residências”, parte da disponibilidade desse recurso hídrico no mundo. Para ela, devem ser adotadas medidas urgentes, como eliminação do desperdício, redução do consumo de água e redução na geração de efluentes.

O uso racional da água, explica Maganha, envolve a conscientização do consumidor, ação na demanda, redução de perdas (por exemplo, eliminar o “pinga-pinga”), criação de indicadores e adaptação operacionais de procedimentos.

A técnica da Cetesb apresentou alguns casos de sucesso na redução do consumo de água em algumas unidades industriais do Estado, como a Kodak Brasileira, com a adoção de novos sistemas de lavagem de reatores; a petroquímica Elekeiroz (indústria de Várzea Paulista), com o reuso de efluentes; e a Pilkington Brasil (tem três unidades no estado de São Paulo e sede na Capital paulista), fabricante de vidro plano e temperado, com o reuso de água.

Na última exposição da manhã do II Eco SãoPaulo, o superintendente do DAEE, Ubirajara Tannuri Félix, definiu o meio ambiente saudável como ter “sombra e água fresca”. A autarquia do Estado, que tem 58 anos de existência, segundo Felix, tem um trabalho consolidado no cuidado das águas subterrâneas e superficiais. “O nosso trabalho é articulado com as prefeituras. Trabalhamos nas áreas urbanas, rurais e ambientais.”

Para mostrar que o tema, cuidar dos recursos ambientais, como a água, é uma preocupação antiga da humanidade, Felix argumentou que já na Bíblia se tem o conceito de meio ambiente e punições para quem não oferecesse condições seguras para ele. “São sabedorias antigas que, com o tempo, a industrialização, o desenvolvimento urbano e o uso e ocupação do solo, tivemos grandes sustos e dificuldades. E hoje necessitamos de somas vultosas de recursos para resolver esses problemas.”

Como exemplo de agressão aos recursos hídricos, Felix lembra o caso do Rio Tietê, que tem 1.100 km de extensão: “ele nasce puro, em Salezópolis, e começa a receber um carga incontrolável de poluição difusa e esgoto”.

Para garantir água e ar saudáveis, segundo o superintendente do DAEE, são necessários: boa legislação, bons projetos e trabalhar na conscientização e numa maior fiscalização. Ele informa que o DAEE está intensificando a fiscalização, por exemplo, de poços. “Para se fazer um poço precisa-se obter autorização e outorga. Mas será que vão fazer esse projeto?”, pergunta, observando que a dúvida levou o departamento estadual a intensificar a fiscalização, que hoje não é feita apenas por amostragem, mas com a ida de técnicos ao local para verificar a real execução do projeto. (Rosângela Gil)

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