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Cresce Brasil

Tem havido crescimento dos grupos de pesquisa, pesquisadores e produção científica na área de computação no país - em robótica, engenharia de software e microeletrônica. Contudo, é verificado um grande decréscimo no interesse dos alunos pelos cursos de computação, compara Dante Barone, secretário da SBPC, com base em estudo comparativo que fez dos anos 2000 a 2006 com dados do CNPq.O tema foi discutido na mesa-redonda Futuro da Computação e Robótica, nesta quinta-feira, na 60ª Reunião Anual da SBPC. Barone identifica um panorama crescente na área. Apesar do refluxo de estudantes, ele enfatiza que "não há sinais de que estamos chegando a algum limite da tecnologia. Essa é uma área de grande futuro", assinalou."Atualmente, o desenvolvimento e a inovação tecnológica estão em pleno crescimento no Brasil", pontua Barone. O dado é ilustrado pelos gráficos das produções científicas em campos de TI. "Infelizmente, isso não é visível quando olhamos os gráficos de número de alunos que estão trabalhando nessas áreas", compara.A curva de alunos de graduação, mestrado e doutorado e total de alunos nas três áreas a partir de 2004 entra no declínio com relação à posição que vinha ascendente desde 2000. A única exceção é o doutorado em microeletrônica, em que os números permanecem praticamente os mesmos.Edson Barros Carvalho, do Centro de Informática (CIn) da UFPE, informou que em Recife a procura dos alunos pela área de TI - graduação, mestrado e doutorado - continua aquecida. Por ano, ele disse que o CIn recebe 230 alunos do mestrado acadêmico, além de 44 do mestrado profissional, que coordena. Ele indaga à platéia quanto cada curso recebe. Barone conta que a UFRGS recebe 40 alunos e o pró-reitor de Pesquisa da UEA, José de Souza Pio, diz que recebe por ano 40 alunos no mestrado."Não recebo esses alunos porque gosto de trabalhar, mas porque temos uma relação com o desenvolvimento local. Se pudesse, receberia 400 a 500", disse Edson Carvalho. Segundo ele, não é a academia pela academia, mas a vocação de atender a demanda. Integram o APL de TI em Recife o Cesar onde 600 pessoas trabalham e geram R$ 60 milhões. O CIn fatura R$ 20 milhões. Incluindo o Porto Digital o APL gera 3 mil empregos.Para Edson Carvalho, o grande problema do setor de TI no Brasil é a carência de pessoal de desenvolvimento, a base da pirâmide, tecnólogos com dois anos de curso para trabalhar em sistema de fábrica de software voltada para o mercado offshore. A hora-homem de um programador na Índia e no Brasil é quatro vezes mais barata do que nos Estados Unidos, o que constitui um grande mercado para atração de serviços de software."O Ceará está mais evoluído para trazer empresas onde o governo tem um olhar diferenciado para o mercado offshore", disse Edson Carvalho. O Estado oferece infra-estrutura, gera empregabilidade numa política mais interessante - acrescenta. O modelo de Pernambuco, segundo ele, é baseado na relação com a academia. O Cesar montou escritório em São Paulo onde detém 60% do seu mercado e tem como meta faturar R$ 100 milhões e ir para o Exterior.O Rio Grande do Sul também tem ligação com o mercado offshore por parte de empresas como a Dell, HP e outras, disse Dante Barone. Como exemplo da atividade offshore do Brasil, ele cita a Tecnopuc (RS), onde alunos brasileiros desenvolvem tecnologias para grandes empresas, como a HP. "O Brasil está competindo em pé de igualdade com a Índia e a China no quesito de oferecer seus trabalhadores para offshoring. Os cursos técnicos e tecnológicos acabam atraindo muitos para a área, por serem mais rápidos e de caráter mais prático", observa."Cabe a nós discutir as causas da falta de interesse pelos cursos de TI e como podemos resolvê-la", acentua Barone. Entre outras razões desmotivadoras, ele aponta uma grande desilusão dos alunos que entram nos cursos de informática, por considerarem o caráter teórico da computação algo entediante. "Os conteúdos das faculdades nem sempre contemplam, em cadeiras oficiais, cursos de webdesign e linguagens específicas (requisitos de muitos estágios), o que também contribui para afastar alunos", acrescenta.De acordo com Barone, a SBPC definiu cinco grandes desafios para a computação no Brasil para a década de 2007-2017, como uma forma estratégica de responder adequadamente a essas necessidades:1) Controle de informações sobre volumes massivos de dados; 2) Modelos computacionais de sistemas complexos: interações homem-natureza, modelos sócio-culturais; 3) Impacto na Ciência da computação da transição do silício para novas tecnologias; 4) Acesso ao conhecimento participativo e universal e 5) Desenvolvimento técnico da qualidade: sistemas dependentes, escaláveis e ubíquos.O mercado da robótica movimenta US$ 7,2 bilhões por ano, disse Dante Barone. O Brasil é líder mundial na robótica submarina com a perfuração em águas profundas pela Petrobras, mas pode entrar em outras áreas. O pesquisador observa que esta á uma área multidisciplinar, e aponta o papel da robótica educacional para aumentar o interesse dos estudantes pela física, matemática e outras disciplinas.

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